O Grêmio arrancou uma grande vitória das areias do deserto árabe, neste sábado, na finalíssima do Mundial Interclubes. Sim, porque perder só por 1 a 0 para o Real Madrid, da forma como a partida transcorreu, tornou-se uma façanha. A frieza dos números plasmou a superioridade do Real: 62% de posse de bola, 20 chutes a gol contra um único do Grêmio, nove escanteios a favor do Real e um do Grêmio.
O Real só não ampliou porque quatro jogadores do Grêmio tiveram atuações extraordinárias: o goleiro Marcelo Grohe, os zagueiros Kannemann e Geromel e, à frente deles, o volante Jailson. Geromel poderia ter sido escolhido o melhor em campo, se a vitória não fosse do Real. Ele não errou um único lance e, para a delícia de quem aprecia o chamado "futebol viril", logo no primeiro minuto cometeu uma falta em Cristiano Ronaldo que deixou, como uma garra de tigre, as marcas das travas da chuteira na panturrilha do vaidoso melhor jogador do mundo.
Em compensação, o Grêmio teve três jogadores com desempenho mais que miserável: Luan, Fernandinho e, especialmente, Lucas Barrios. Depois dessa partida, é improvável que Luan seja convocado para a Seleção Brasileira que disputará a Copa do Mundo. Ele fracassou completamente.
Mas Lucas Barrios conseguiu ser ainda pior. Além de desanimado, frouxo e ausente, ele não apenas deixou de ajudar o Grêmio, como ajudou o Real: foi Barrios quem se mexeu na barreira quando Cristiano Ronaldo cobrou a falta que originou o gol solitário da partida, aos 7 minutos do segundo tempo.
A maior categoria do Real ficou clara desde o princípio. Os técnicos de futebol do século XXI gostam de dizer que um time tem de "saber sofrer". O Grêmio soube sofrer. Foi quase só isso que fez.
O Real Madrid marcou sofregamente o time do Grêmio, marcou com gana de time do interior, não deixou o Grêmio jogar, e passou quase que toda a partida atacando.
Três jogadores se sobressaíram de maneira assombrosa: Modric, Isco e Marcelo. Esses três controlaram o jogo, dificilmente eram desarmados e, a cada minuto, se insinuavam na frente da área do Grêmio.
O Grêmio só foi chutar a gol aos 28 minutos, quando Edilson cobrou uma falta perigosa da intermediária. Depois disso, o Grêmio teve um pequeno momento de respiro, trocou alguns passes e, aos 33, até construiu um ataque interessante pela direita, com Ramiro. Porém, aquele chute seria o primeiro e último.
A partir dos 35, o Real retomou o domínio e apertou o torniquete. Rondou a área, chutou, cruzou, mas, para a felicidade do Grêmio, o primeiro tempo terminou em 0 a 0. Era um alívio.
Mas, no segundo tempo, o drama aumentou. Antes, o Real dominava sem entrar na área; agora, a área era devassada a todo momento. Marcelo Grohe começou a fazer defesas, a bola bateu na trave, Cristiano Ronaldo marcou o gol e o Grêmio não teve forças para reagir.
As entradas de Jael e Everton até que provocaram um leve espasmo de reação, mas o Real não se assustou, manteve o jogo sobre absoluto controle e tocou a bola sem ser incomodado. Parecia um jogo de adultos contra crianças. O Real venceu sem quaisquer sobressaltos e o Grêmio se submeteu sem qualquer laivo de insurreição.