Enquanto o telefone celular não for eliminado dos presídios, o crime vai continuar acontecendo do lado de fora. Já escrevi aqui, mas nada é feito. Para lembrar, meu argumento foi e sempre será que não precisa de bloqueador, recolhimento de aparelhos ou as estressantes revistas íntimas. Não será necessário um equipamento tecnológico caro, tampouco o bloqueio do sinal pelas operadoras telefônicas, basta impedir que o smartphone tenha carregador.
Sem carregador, o celular não funciona. Aliás, os presos não fazem mágica, a energia elétrica entra na cela naturalmente. Como? A autoridade que comanda o sistema carcerário deveria ser mais transparente quanto a isso. Os gaúchos que pagam os impostos regiamente merecem essa explicação. Para começar, o Código Penal Brasileiro (CPB) prevê pena de dois a quatro anos para o uso do celular em presídio. Na cadeia, o aparelho varia de preço, mas pode chegar a R$ 10 mil. É um clichê, mas é o velho “o crime compensa”.
Vale tanto a pena que, no dia 6 de outubro deste ano, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul colocou 1,2 mil policiais nas ruas para prender uma quadrilha. Um dos alvos já estava preso por outro crime. Os irmãos dele também estão com prisão decretada pela Justiça e, durante a operação, não foram encontrados em casa. Os agentes e a sociedade estão sendo feitos de bobos pelos apenados. O preso se comunicava com os irmãos e comandava o crime de dentro da cadeia. Eles operam por meio do celular. O que explica isso?
Os gaúchos merecem saber. Afinal, são eles que pagam por segurança, e se ela não está funcionando adequadamente, como claramente não está, a população precisa ser informada dos motivos. O preso estava encarcerado na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) onde, supostamente, o celular não deveria estar. Infelizmente, não foi a primeira nem será a última. Enquanto isso não acabar, não devemos mais nos surpreender com operações que flagram presos que comandam o crime de dentro da cadeia. O fim do celular nas prisões tem solução, e ela não é cara nem difícil. Basta o poder público ter boa vontade em nome dos gaúchos.