O menor país do mundo tem cerca de 800 habitantes, emprega 12 mil pessoas numa área de 0,44 quilômetros quadrados e recebe diariamente de 50 a 60 mil turistas – o equivalente à população de Tramandaí. Tive o privilégio de percorrer os palácios e ruelas da Cidade do Vaticano num roteiro não turístico graças ao padre gaúcho Antonio Hofmeister, que mora lá há três anos e trabalha na seção de língua portuguesa da Santa Sé. Na tarde de segunda-feira, 16 de outubro, ele me ciceroneou.
A área funciona mesmo como uma cidade: possuiu agências dos correios e bancária, farmácia, supermercado e até uma estação de trem. O prédio, aliás, ainda tem as marcas nas paredes dos estilhaços de bombas lançadas de aviões durante a Segunda Guerra Mundial.
A língua oficial é o italiano, embora muitos falem outros idiomas, como o inglês. Começamos pelo prédio do famoso Banco do Vaticano, uma torre do ano 1453, alvo no passado de muitas críticas, principalmente de suposto esquema de lavagem de dinheiro. Seguimos para o Palácio Apostólico, onde todos os papas residiram e de onde o Papa atual reza a tradicional oração do Angelus, aos domingos ao meio-dia.
Na visita que fiz, a famosa Capela Sistina estava lotada de turistas para ver os afrescos de Michelangelo. Nós estávamos no lado de fora conhecendo o caminho dos cardeais quando saem do conclave e seguem até a Basílica de São Pedro para anunciar a escolha do novo papa, um ritual que tem 2 mil anos. Não conseguimos visitar o segundo andar, pois todo o piso estava isolado para uma cerimônia do Papa com o rei do Bahrein. No último andar fica a sala onde estão os afrescos de Raphael. Em 1944, o Vaticano comissionou um restaurador para a recuperação das pinturas. O restaurador não deixou sua assinatura, mas escreveu duas palavras em meio à pintura de galhos numa parte de uma das janelas: “Morte Mussolini”. Era uma forma de expressar indignação contra o fascista. Um ano depois, Mussolini foi assassinado e teve o corpo exibido em praça pública em Milão.
Atualmente, o papa Francisco reside na Casa de Santa Marta, um prédio de cinco andares, bem mais acanhado do que o Palácio Apostólico. Aliás, ali tive um encontro com o Papa sobre o qual escrevi aqui na semana passada.