Um grupo de 25.334 militares brasileiros viajou à Itália para combater os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Infelizmente, 463 foram mortos, 2.722 ficaram feridos, 35 acabaram prisioneiros e 16 desapareceram.
Todo esse contingente integrava a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Um navio partiu do Rio de Janeiro e, 13 dias depois, ancorou em Nápoles, no sul da Itália, em fevereiro de 1944. De lá, os militares foram para locais como Montese, 360 quilômetros ao norte da capital, Roma. O povo italiano, castigado pela guerra imposta pelos nazistas com o apoio do ditador Benito Mussolini, recebeu os soldados de forma calorosa.
Os brasileiros eram chamados de os liberatori (libertadores). A população não queria mais viver sob o jugo de ditadores. Como os nazistas invadiam casas, matavam e depredavam, os italianos mais precavidos enterravam o vinho para esconder dos soldados invasores. Quando os alemães partiam, as garrafas eram desenterradas e dadas como presente aos brasileiros. O vinho era chamado de sotto terra (subterrâneo).
Com o fim da guerra, 22.098 militares brasileiros voltaram. Os combatentes aqui são chamados de pracinhas da FEB. Entre eles, se chamam febianos. São 79 anos desde a guerra e, como a maioria era jovem na época, os que ainda estão vivos têm perto de cem anos ou até mais. De acordo com o último censo do Exército, existem 57 ainda vivos. Oito são do Rio Grande do Sul, dois deles moram em Porto Alegre. São eles o sargento Elmo Diniz, de 101 anos, e o soldado Oudinot Willadino, de 98.
Seu Elmo segue lúcido e recorda, com muita paciência, os percalços pelos quais um soldado passa em combate. Um deles é ter que caminhar muito e dormir de forma improvisada. De todos os meses que passou na Itália, as lembranças dos dias mais tristes não sumiram. O primeiro, quando uma bomba explodiu na casa do militar Geraldo Santana, que telegrafava uma mensagem. O teto desabou esmagando e matando o militar. O outro episódio foi a tomada de Montese, cujo combate durou dois dias. Sob forte tiroteio, o Exército brasileiro teve de desviar de corpos de soldados mortos e feridos para tomar a cidade. É importante ouvirmos as histórias de combates enquanto os pracinhas estão vivos. Porque, como o censo mostra, eles estão diminuindo muito rapidamente.