Chamou pouca atenção, mas ontem perdemos um grande brasileiro. O ex-ministro da Justiça José Gregori tinha 92 anos e não conseguiu sobreviver a uma pneumonia. Ele estava internado em um dos melhores hospitais do Brasil, o Sírio Libanês, em São Paulo.
Advogado formado pela Universidade de São Paulo, Gregori tinha a democracia como sua bandeira. Nos anos 1950, ele foi um combatente contra o governo Getúlio Vargas — alguns anos depois, em 1964, ele estava dentro da sede do governo ao lado do presidente deposto João Goulart. Nos anos seguintes, advogou em defesa de presos políticos em plena Ditadura Militar.
Na década de 1990, Gregori comandou a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Mais recentemente, ele integrou a Comissão Arns para promover e assegurar a democracia. A comissão ganhou este nome em homenagem ao cardeal catarinense Dom Paulo Evaristo Arns, que morreu em 2016, após intenso trabalho e perpétuo legado em defesa dos direitos humanos, marcado pelo projeto Brasil: Nunca Mais, para denunciar a tortura.
Entre 2000 e 2001, José Gregori foi ministro da Justiça do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi, junto à titularidade da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, o cargo mais proeminente que ocupou. Era também filiado ao PSDB — fazia questão, inclusive de ir presencialmente, nas votações de convenções tucanas. Não é apenas o PSDB paulista que sente: a perda é do país todo.