O pai do músico Roger Waters foi morto em combate na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), provocada pelos nazistas; o avô, na Primeira (1914-1918). Um passado comum para um britânico, já que o Reino Unido teve envolvimento nas duas grandes guerras do século XX.
Roger Waters começou a escrever letras políticas em 1968, quando muitos de nós nem éramos nascidos. Um dos motivos que o levou a deixar o lendário conjunto de rock Pink Floyd, fundado em 1965, teria sido o excesso de conteúdo político do baixista e vocalista da banda.
Em 1979, foi lançado The Wall, clássico álbum do Pink Floyd. A participação de Waters na concepção deste disco foi intensa — é dele a letra da música-tema Another Brick in the Wall, uma crítica feroz ao sistema de educação e à severidade dos professores. Os fãs costumam dizer que é preciso ir ao show dele disposto a ouvir seus discursos políticos e até a zombar das guerras. Uns gostam, outros não.
Os arroubos verbais panfletários sempre estiveram presentes nas suas apresentações. Em um dos shows do ex-Pink Floyd no Brasil, em 2018, havia um telão, no palco, que exibiu nomes de presidentes como Trump, Bolsonaro e Viktor Orban, mandatário da Hungria. Roger Waters queria provocar a plateia a vaiar os políticos.
Há muito tempo, também, ele faz encenações no palco sobre o nazismo. Quem conhece sua história entende a sátira e sabe que Roger Waters é um músico com atitudes desmedidas ao sustentar sua crença política.
Roger Waters anunciou que fará sete shows no Brasil, no fim do ano, inclusive em Porto Alegre. E não deverá ser diferente em matéria de conteúdo político, algo que sempre fez parte de duas apresentações.
Ao seu público, não choca ver um porquinho em forma de balão gigante flutuar nos locais de sua apresentação. O porco é um personagem símbolo, que aparece na capa do disco Animals, do Pink Floyd, e se tornou uma das marcas da banda.
A polêmica mais atual é que, no palco, ele faz uma encenação com soldados da SS, a polícia política da ditadura de Adolf Hitler, num país com o estigma do nazismo. Uns conseguem contextualizar, outros não. Mesmo idoso — tem 79 anos — e calejado no show business, Roger Waters precisa aprender que deve evitar sátiras em países estigmatizados, sob pena de ser boicotado. Dito isso, é uma ação política que faz parte da sua carreira, e não há censura prévia em países democráticos como o Brasil.