Certo estava o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill. “A Humanidade nunca aprende e nunca aprenderá”, repetia ele. Costumava proferir o desabafo num contexto específico de conflito militar, mas a frase também é adequada diante de ações tresloucadas que testemunhamos todos os dias. Uma versão contemporânea dessas maluquices é o que as pessoas andam fazendo em busca de likes e visualizações nas redes sociais.
A mais recente insanidade foi protagonizada pelo youtuber que admitiu ter feito o próprio avião cair, nos Estados Unidos, para filmar tudo e ganhar visualizações. Ele pulou de paraquedas nos instantes que antecederam a queda. Aconteceu em 2021, mas só agora Trevor Jakobs confessou o crime.
Trevor é um ex-atleta de ponta do snowboard, que representou os Estados Unidos em Jogos Olímpicos de inverno. Ele se aposentou do esporte para se dedicar à vida digital, captando seguidores e visualizações nas redes sociais. Ali, aparece praticando esportes radicais: pular de paraquedas, escalar montanhas, saltar de balões, pendurar-se em elásticos de bungee jump...
Provavelmente com a intenção de mostrar que o salto era seguro, ele pulou de um avião com a própria mãe, presa ao seu corpo, e ainda escreveu um agradecimento a ela na legenda. Em outras fotos, Trevor se mostra em esportes de risco máximo com legendas que lembram conselho de autoajuda, do tipo “pense fora da caixa”.
Maluquices como a do avião não são exclusividade de Trevor. Em 2018, uma simulação em rede social acabou da pior forma nos Estados Unidos. Um casal movido a visualizações ganhava a vida se arriscando em “pegadinhas” ousadas. A mulher apontou uma arma para o marido que garantia a ela - e aos seus espectadores de internet - que o livro que ele mantinha à sua frente seria grosso o suficiente para conter a bala. Não foi e a peripécia virou tragédia.
Nos dois casos, por conta da avalanche de visualizações e likes, os patrocínios de marcas famosas garantiam o bolso cheio dessa gente. A culpa passa pelos aventureiros de internet, mas essas pessoas só existem porque há um público que consome esse tipo de “conteúdo” e outro que banca.
Como diria o sábio Churchill, a humanidade não aprende.