Porto Alegre é uma cidade que abusa de conceitos extremos: é hostil e acolhedora. Hostil porque o trânsito é tumultuado, sem férias, carece de estrutura viária e não sabe superar velhos problemas, como a região do cais. A cidade é hostil porque tem muitos prédios e monumentos sujos de tinta spray. Porto Alegre não aprendeu a lidar com a praga da pichação.
Outro problema crônico é a degradação asfáltica. As soluções são sempre provisórias, nunca definitivas. O fornecimento de luz pela CEEE Equatorial testa a resistência do porto-alegrense. O furto de cabos elétricos pelos cabeças de lata que deixam milhares de moradores sem luz e sem água escancara a vulnerabilidade de Porto Alegre. Tem arroio com pontes históricas, como a da Azenha, que enfeiam a cidade. Aquela pestilência ainda vai deixar alguém doente. As periferias são desprovidas de áreas de lazer adequada e todo santo verão falta água na Lomba do Pinheiro. O transporte coletivo é precário.
Mas Porto Alegre sabe ser acolhedora. Recebe muita gente do interior do Estado que migra para cá em busca de estudo ou chance profissional. Nossa capital conseguiu atropelar velhos dogmas que eram como bola de ferro para o desenvolvimento. A nova Orla é o exemplo mais exuberante. Durante anos, a região ficou abandonada. Agora, graças a gente despreocupada com entendimentos arcaicos, temos uma área de lazer exemplo. Porto Alegre tem um rio ou lago, depende de quem olha o assunto, mas um estuário de dar inveja a qualquer um e que não perde em beleza para muitas cidades. Os maiores parques são amplos e com vasta vegetação. As ruas estão entre as mais arborizadas do país. Eventos nacionais e internacionais olham com bons olhos para cá. A capital mais meridional do país agora tem aeroporto adequado. Dá gosto de levar um forasteiro para conhecer o Mercado Público.
Vira e mexe, Porto Alegre se alimenta de antigas polêmicas: cercar ou não o Parque da Redenção, derrubar o muro da Mauá. Mas qual cidade grande ou média não tem um assunto para polemizar sempre que possível? Apesar de tudo isso e de seus paradoxos, amamos viver aqui. Parabéns para a capital gaúcha em mais um aniversário, neste domingo, dia 26.