Um terreno em área nobre encravado no centro da cidade e equivalente a quase sete campos de futebol tem potencial para transformar Caxias do Sul, a segunda maior cidade do Estado, em referência nacional em opção de lazer. Para isso, os políticos da cidade precisam superar uma discussão sobre um velho dogma: a resistência à parceria público-privada (PPP). A resistência à PPP não pode mais atrasar o desenvolvimento das cidades. Tem gente que não quer alegando que a área pública será entregue à iniciativa privada, que cobrará entrada. Por causa da polêmica, a prefeitura da cidade decidiu fazer uma consulta pública.
A área em questão é o prédio que foi ocupado pela tradicional siderúrgica Maesa. A forma de ocupação é uma polêmica antiga. O principal monumento da cidade, a estátua do Imigrante, foi concebida ali. Ou seja, o prédio tem um valor sentimental muito forte para o caxiense, por isso também não dá para errar na destinação. O secretário municipal de Parcerias Estratégicas e Recursos Humanos, Maurício Batista da Silva, garante que não haverá cobrança de ingresso para entrar no prédio, sob qualquer circunstância.
— O que poderá ocorrer, a cargo do possível concessionário, é a eventual cobrança por algum “extra”, como acesso ao futuro teatro, cinema ou até a alguma exposição temporária.
O projeto é transformar a Maesa em referência nacional em lazer, diz o secretário, que compara o caso de Caxias com a ocupação da orla do Guaíba, em Porto Alegre.
— Uma parcela da população é contra. Liderado por alguns políticos locais, o movimento promoveu um abraço simbólico ao prédio, dias atrás. É compreensível a mobilização. Houve parcerias que não funcionaram. Mas, infelizmente, o poder público não tem dinheiro e habilidade suficientes para a administração de um negócio tão diverso e que promete ser complexo. A prefeitura promete investir R$ 70 milhões em trinta anos, o equivalente a 20% do que precisará ser investido por quem vencer a licitação. O secretário admite que há interessados antes mesmo da licitação. Uma das empresas que manifestaram interesse foi a mesma que venceu a licitação para administrar o Parque Nacional dos Aparados da Serra.
Não é possível fechar os olhos para uma realidade cruel do poder público: falta dinheiro para fazer coisas básicas, como compra de merenda escolar. A prefeitura nunca irá conseguir dinheiro suficiente para custear obras.