Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, saiu atirando em Bolsonaro no dia em que deixou o ministério, em abril de 2020, alegando tentativa de intervenção do presidente na nomeação do diretor da Polícia Federal como motivo do desembarque do governo. Ciro Gomes criticou, sem parar, o ex-presidente Lula no primeiro turno. Não que eles não mereçam receber críticas. Mas agora Moro declarou apoio a Bolsonaro e Ciro para Lula, ainda que melindrado e sem citar o nome do ex-presidente em um vídeo que ele gravou na última terça-feira (4).
Quem imaginaria, em campanhas anteriores, Lula e Geraldo Alckmin juntos, na mesma chapa? Porém, alianças políticas curiosas não são novidade. Lula e Paulo Maluf apertando as mãos, como se fossem velhos amigos, na campanha para prefeitura de São Paulo em 2012, quando Fernando Haddad concorreu a prefeito. Em 2016, durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, no Senado, José Serra abraçava Gleisi Hoffmann, dois presidentes dos maiores partidos do Brasil na época, PSDB e PT, respectivamente. Estavam ali os lados opostos em plena demonstração de carinho afetuoso. Enquanto isso, do lado de fora do Congresso, militantes dos dois lados se espancavam, tornando o ambiente o mais hostil possível.
Outro exemplo é a postura do atual presidente. Crítico feroz do Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro foi, pessoalmente, à casa do então presidente do STF, Dias Toffoli, e foi recebido com o efusivo abraço do presidente, em 2020.
Tem a virada de Leonel Brizola a favor do Lula em 1989, tem também Fernando Collor, que já apoiou praticamente todos os presidentes... e eu poderia ficar até o fim do dia citando casos de alianças políticas de ocasião.
A política dá voltas, mas nem tão surpreendentes assim. Agora ou depois, eles iriam se reagrupar. Costuma ser assim em campanhas eleitorais. No primeiro turno se digladiam; no segundo, de acordo com a conveniência e a proximidade ideológica, se juntam. Se não é durante a eleição, será depois. Bolsonaro se elegeu criticando o bloco do centrão, agora os partidos deste matiz estão no centro do governo Bolsonaro.
Mas eu só queria dizer que não devemos nos surpreender com os vira-casacas. Eles existiram, existem e vão continuar existindo. Os políticos se cobrem de bravuras e na hora H, entre fazer pacto com o inimigo de ocasião e se manter neutro, eles preferem a primeira opção por pura conveniência. A política é um negócio para eles, eles só fazem isso e precisam se manter nos cargos. De nada vale se preocupar demais com eles. Muito menos, protegê-los. Então, na hora de discutir política, pense menos com o coração e imagine a realidade dos políticos, que estão sempre se aliando nas mais diversas circunstâncias. Pense nisso na hora de correr para o grupo de mensagens da família e ofender a opinião contrária.