Autoridades de saúde de Porto Alegre tentam esclarecer a circunstâncias que levaram quatro alunos do curso de Medicina da PUCRS a ser vacinados duas vezes com doses de imunizantes diferentes. O caso chegou ao conhecimento da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre ontem, no final da tarde, depois de a informação circular entre alunos da universidade. Entre os dias 22 e 23 de abril, os quatro estudantes procuraram locais de vacinação diferentes na capital conveniados com a prefeitura para aplicação da vacina CoronaVac.
Eles receberam o imunizante porque se enquadram no perfil de profissionais que atuam na área da saúde, já que parte das atividades da universidade se dá dentro do hospital. Ontem, durante o dia, os quatro foram ao mesmo local em Porto Alegre e se apresentaram para receber a vacina, mesmo sabendo que não há CoronaVac para segunda dose. Detalhe: os quatro informaram que estavam no local para receber a primeira dose. E acabaram sendo imunizados com a vacina da AstraZeneca/Oxford. Não há precedente técnico sobre um paciente receber doses de vacinas para o coronavírus de farmacêuticas diferentes.
O caso provocou espanto até nas autoridades de saúde. Consultado hoje, o coordenador de Vigilância em Saúde, da Secretaria da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, disse que tomou providências assim que soube dos fatos.
— Não sabemos se foram vacinados de maneira inadvertida ou fizeram propositalmente. O fato é que iremos seguir a orientação do Ministério da Saúde que é informar no “e-SUS Notifica”, sistema do governo federal, que houve erro e acompanhar possíveis eventos adversos e episódios. A pessoa que fez isso fez errado, pois pensa que está fazendo um bem a si e não está. Não sabemos quais são os efeitos.
Mesmo diante da burla do sistema, a prefeitura informa que seria inviável fazer a checagem pelo sistema de cada pessoa vacinada. Segundo Fernando Ritter, o sistema à vezes é instável e provocaria mais filas do que já se tem hoje. Causaria mais transtornos ainda, conforme ele. O certo é que estes quatro estudantes não vão mais receber nenhuma vacina, nem a segunda dose da CoronaVac, tampouco da AstraZeneca/Oxford.
A PUC também foi comunicada para acompanhar o caso dos quatro alunos.
Um dos alunos foi procurado, mas não retornou às ligações.
Confira a nota da PUCRS
A PUCRS tomou conhecimento na tarde de hoje sobre o ato dos estudantes de Medicina e também está apurando mais detalhes. A Universidade irá chamá-los para conversar presencialmente e tomará as medidas cabíveis. Desde o início da vacinação e o surgimento da possibilidade de os estudantes se vacinarem, a Universidade orientou sobre regras do processo de vacinação, grupos prioritários e a relevância dessa operação humanitária que estamos integrando de diferentes maneiras com o envio de comunicados, atendimentos individuais a estudantes e famílias. Mesmo que o ato de tomar a vacina seja de autonomia dos estudantes, a PUCRS irá reforçar as orientações junto ao grupo de estudantes aptos a se vacinar, buscando evitar que isso volte a ocorrer.