A nova economia mundial é de compartilhamento. Provavelmente sempre existirão os mais ricos e os mais pobres, contudo, as soluções para os novos problemas não vêm mais de poucos indivíduos numa sala, pois os problemas são muito complexos. Gerenciar a educação não é diferente. Todas as pastas têm problemas de orçamento. Nem sempre temos um time de craques para trabalhar, mas o Ministério da Educação (MEC) tem: ele abriga os profissionais mais qualificados do país, nas universidades. Das mais diversas convicções políticas, e não de uma só – a universidade respeita a diversidade.
O início da gestão dessa pasta, num momento mundial conturbado, é o momento de colocar em segundo plano essas diferenças, e chamar seu time a pensar maneiras concretas de encarar o desafio. As universidades brasileiras há muito estabelecem parcerias com empresas, criando parques tecnológicos. Elas também poderiam arrecadar recursos de doações. Mas, por lei, a universidade não pode manter o valor que arrecada além do seu orçamento básico – o governo recolhe. Quanto o MEC economizaria hoje se existissem os marcos legais que revertem isso? Por que não começar por aí, aumentando a receita das universidades, e então estudar onde se pode economizar? O MEC cortou também a verba da Educação Básica – reclamando que terá despesa na análise desta. Quanto o MEC economizaria se as universidades fossem incluídas nesse trabalho? Tudo isso se faz usando uma caneta.
O Ensino Superior não só faz diferença na qualidade de vida do indivíduo em termos de renda pessoal: ele volta para a comunidade, ao qualificar os profissionais que dela participam. Por isso os recursos públicos se justificam. Recado a quem cita os EUA como exemplo: o governo de lá investe, inclusive, em universidades privadas. Os impostos pagam estruturas de pesquisa em Yale e Harvard – é investimento. Os muito ricos doam prédios para as universidades; os mais pobres, que não chegam ao curso superior, beneficiam-se porque os serviços que o país oferece são qualificados por seus recursos humanos, formados nas universidades. A pesquisa cria produtos, que criam empregos e movimentam a economia.
A balbúrdia que a universidade brasileira faz hoje é plantar e cultivar conhecimento e inovação. Nossos cientistas pesquisam problemas brasileiros – de energia, doenças, da Amazônia. Para quem fala em impacto, em citações: somos citados por quem acha importante o que fazemos – nem sempre os EUA ou os europeus acham. Nem por isso é menos importante. E, se virássemos apenas incubadoras de empresas, nem citados seríamos: não se publica pesquisa com interesse comercial, pois é sigilosa. Os sites das universidades federais mostram cursos para a população, invenções, eventos de arte. As prestações de contas, aprovadas pela Corregedoria-Geral da União (CGU). Dia 15, convido a mães e pais, profissionais, políticos, empresários: venha para dentro da sua universidade, que está sempre aberta para você. Porque ela é sua. Para que continue a ser.