1. Mais cientistas, menos lunáticos - Parece mentira que tantos defensores do terraplanismo, do movimento antivacina e do design inteligente tenham conseguido arrastar-se do fundo do poço do negacionismo científico para a superfície do debate público nos últimos tempos. Sem falar dos que continuam se recusando a prestar atenção no que a maioria dos cientistas têm a dizer sobre aquecimento global. Que ironia. Justamente a ciência, essa Geni desacreditada e sufocada pelo encolhimento de verbas, é quem salva nossas vidas quando a coisa aperta. Médicos, enfermeiros, biólogos e outros pesquisadores que estão na linha de frente do combate à pandemia merecem nosso respeito e gratidão - e o nosso comprometimento quando tudo voltar ao normal. Quanto ao espalhador de boatos e seus amigos incendiários e negacionistas, só podemos torcer para que fiquem em casa, em quarentena. De preferência, em silêncio.
2. Mais jornalismo, menos tio do zap - Falando em Geni, nunca o jornalismo recebeu tantos ataques, da direita e da esquerda, quanto nos últimos anos. Como os cientistas, jornalistas e veículos de grande imprensa não são infalíveis, mas costumam aplicar métodos que ajudam a diminuir a possibilidade de erro - enquanto o tio do zap não tem outro compromisso a não ser a lacração. Além de informar, o jornalismo de qualidade cria o espírito de comunidade e colaboração essencial para enfrentarmos momentos de crise como este. Não por acaso, os telejornais tornaram-se campeões de audiência no Brasil nos últimos dias. Enfim, uma boa notícia.
3. Mais cigarras, menos formigas - A ordem é ficar em casa, trabalhando do jeito que dá, tentando não sucumbir à angústia e à procrastinação. Enquanto as formigas hibernam, as cigarras continuam cantando. Em apresentações ao vivo, pela internet, músicos de todo o mundo estão ajudando a aliviar a solidão de plateias remotas. São muitas as iniciativas como essa, em todas as áreas. Livros, discos, filmes, novelas, espetáculos de dança, óperas, artes plásticas … como seria viver uma quarentena sem a companhia da imaginação e da arte? Triste e árido, eu diria. Para os que vêm tentando transformar os artistas brasileiros na terceira Geni desta listinha, um recado à Quintana: vocês passarão, eles passarinho.
4. Mais líderes, menos bravateiros - O problema de eleger um bravateiro é ter que contar com sua liderança na hora em que o mundo real exige ação e não bravatas. Simplesmente não é da natureza dos bravateiros atuar como líderes. Um líder não surge de lacrações nas redes ou dos aplausos da claque, mas de uma inclinação genuína de caráter e da capacidade de enfrentar problemas com serenidade e responsabilidade. Por algum motivo, a maioria dos brasileiros havia esquecido desse pequeno detalhe - o caráter - na hora de escolher seu candidato nas últimas eleições. Diante do que têm visto nos últimos dias, talvez pensem melhor em 2022. Não é hora para sermos pessimistas.