Dez dias. Esse é o tempo que já se passou sobre o suposto caso de injúria racial ocorrido no clássico Gre-Nal do último dia 19 no Beira Rio. Seis torcedores, negros, do Grêmio, registraram Boletim de Ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, que, com certeza, está investigando o caso. No âmbito esportivo, no entanto, nada. A celeridade de fatos idênticos não teve, desta vez, o mesmo tratamento. No âmbito das pessoas, a mesma coisa. O racismo, claramente, é seletivo por aqui.
O episódio de Vinicius Junior, preterido na Bola de Ouro, recebeu uma densa discussão sobre o diferente tratamento das culturas no assunto racismo em volta do mundo. Reflexão fundamental para tentarmos extirpar esse assunto da nossa realidade. Falar é, sem dúvida, a forma mais forte de encararmos esse problema tatuado em todas as sociedades. E era só isso que eu queria que fosse discutido por aqui.
Quando um mesmo crime tem tratamentos diferentes por ambientes da sociedade a discussão perde credibilidade. Como ouvir alguém que não consegue manter a opiniões sobre fatos idênticos. E basta olhar, parar para ouvir. Faça você mesmo esse exercício. O caso da suposta “injúria racial” realizado no Beiro Rio contra torcedores negros do Grêmio recebeu o mesmo tratamento de outros casos?
A discussão sobre o racismo deveria ser tratada de forma mais séria e coerente, sob pena de perder valor. O futebol deveria dar esse exemplo. E não dá. Aparentemente, temos uma nova figura: o “habeas corpus” pela cor da camisa do criminoso. Diante deste fato, vou ter dificuldade de discutir o racismo por aqui. Sempre vou lembrar de como foi o tratamento de um episódio tão grave ocorrido em um Gre-Nal.