O volante Lucas Camilo está indo para o Botafogo. Formado no Grêmio e figura carimbada nas convocações das seleções brasileiras de base, o jovem jogador se transfere antes mesmo de vestir a camisa profissional do Tricolor. Essa notícia, no entanto, não deve ser lida apenas pela manchete. Esse é um assunto complexo e tem várias formas de ser visto, e, por isso, não deve ser tratado de forma superficial.
Os atletas de futebol podem ter o seu primeiro contrato profissional aos 16 anos. Neste momento, muitos destes jogadores são destaques, mas poucos sabem como será a sua evolução. São dezenas e dezenas de jovens talentos que buscam espaço e nem todos conseguem, dois ou três anos depois, manter o nível de competição que tinham quando da assinatura do seu primeiro contrato.
O clube, por sua vez, precisa, quando esses meninos chegam aos 18 anos, propor um segundo contrato, sob pena de perdê-los aos 19 anos, quando se encerra aquele primeiro vínculo. E aí começa a discussão.
O Grêmio, neste momento, não consegue abraçar a ambição de todos os jogadores e as avaliações são duras. É preciso optar, verificar quem tem mais potencial, e as decepções e insatisfações correm forte nos corredores. As saídas de atletas viram óbvias. O clube é coletivo e os atletas são individuais. Todos precisam defender o que entendem melhor para si.
São muitos exemplos assim. Ultimamente, de diversas maneiras, muitos jogadores deixaram o Grêmio. De Manu, com 12 anos, a Cuiabano, vendido por pouco, vários atletas buscaram espaço ou contratos e oportunidades melhores do que tinham aqui. Uns acertam e outros erram, e o Grêmio precisa seguir o seu caminho e abraçar a sua convicção. Infelizmente, é assim.
O fato é que o clube mantém um trabalho de excelência nas categorias de base e todo ano revela jogadores importantes para o mercado do futebol. Críticas vão acontecer, mas me parece que os acertos do Grêmio vencem com folga neste ponto.