WhatsApp é como carteira de identidade, é como habilitação de motorista. Deveríamos colocar no perfil uma foto básica de identificação para o outro descobrir com quem está conversando.
Seguiríamos o exemplo daquelas 3X4 que fazemos para os documentos, com a diferença de que poderíamos rir ou olhar para os lados.
Seria uma forma de facilitar a localização dos contatos na agenda.
A regra é se declarar de cara, sem demandar muito esforço, sem suspense, para uma comunicação imediata.
Mas tem gente que não entende a natureza do aplicativo, esquece que não se encontra dentro de sua bolha de conhecidos, e escolhe imagem de seu cachorro, de seu gato, de seu filho, de um lugar paradisíaco na fotinho.
É bonito homenagear um amor ou uma paisagem de sua preferência, mas talvez o ambiente e o momento não sejam apropriados. A situação prejudica aprovações de um número, que pode ser bloqueado como engano, como golpe, como contato comercial indesejado.
Isso quando não é um rosto enfiado num boné, ou um detalhe do corpo, tipo close das sobrancelhas ou de uma tatuagem.
Isso quando não é a família inteira reunida, e não há como definir o dono da linha na multidão.
Isso quando não aparece um avatar, um bonequinho desenhado a partir dos traços do sujeito, o que tampouco ampara a memória alheia.
Isso quando não emerge o semblante de um ator ou atriz, de um personagem do cinema, entregando referências de entretenimento, mas pouco informando as intenções de proximidade.
Isso quando não há fotografia nenhuma, o que é característico de contas de famosos, de quem não quer se expor e se esconde em excêntrico anonimato.
Compreenda que, ao entrar na rede pública, numa ferramenta aberta, você saiu de casa. Você está na rua. E não é adequado passear com a aparência desleixada.
É como apertar a campainha ou o interfone de uma pessoa, que vai espiar quem é pelo olho mágico e não abrirá as trancas para qualquer um.
Você tem a obrigação de se apresentar educadamente. É uma premissa básica da convivência, uma formalidade mínima. Que mostre o seu nome e a sua feição, para prevenir confusões, para não ser deletado antes de ser capaz de explicar a sua procedência.
Por mais que o número do celular seja pessoal, privado, todo mundo acaba usando o WhatsApp também para o trabalho. E o que desponta com frequência é um ectoplasma da intimidade, um recorte misterioso de um universo interior.
Não é um espaço para indiretas ou poesia, para brincar de charadas, para propor telepatia ou jogo de adivinhação.
É o novo cartão de visita. É o novo passaporte digital.
A primeira impressão é a que fica. Você estará trocando mensagens com um possível cliente que terá que suportar sua foto de sunga com estampa amazônica na praia. Convenhamos, não é uma cena promissora para fechar negócios. Aliás, não é possível reconhecer ninguém de sunga.