Em maio, quando rediscutíamos a edição de final de semana de Zero Hora, à luz de pesquisas qualitativa e quantitativa, editores identificaram um vácuo em nossa cobertura. As angústias contemporâneas, a relação das famílias com crianças cada vez mais ligadas em tecnologia, as incertezas na hora de escolher a escola dos pequenos, enfim, o cotidiano de pais e filhos estava pouco presente nas páginas do jornal.
Nascia nas dependências da sala 305, palco dos mais acalorados debates da Redação, o Em Família: uma seção fixa no tradicional caderno Vida que abrigaria reportagens especiais sobre assuntos relevantes para o ambiente familiar.
Desde julho, quando a novidade foi lançada, já falamos sobre o crescimento do vegetarianismo entre os adolescentes, um fenômeno que impacta toda a família, e mergulhamos nas "DRs" diárias em que se tornaram os grupos de WhatsApp. Abordamos um dilema que inquieta pais de todas as classes sociais: o uso cada vez mais frequente da tecnologia por crianças, que, aos poucos, trocam tablets pelos celulares, substituem a TV pela Netflix, abandonam os desenhos para assistir a youtubers.
Na atual edição, o repórter Leandro Rodrigues, craque na arte de traduzir temas complexos, mostra como nossas casas podem se transformar em verdadeiras armadilhas. É um problema antigo que segue enlutando lares.
A reportagem foi motivada por duas mortes ocorridas nos últimos 10 dias: em Passo Fundo, no norte do Estado, um menino de três anos se afogou na piscina de casa e, em Betim (MG), um garoto de seis anos não resistiu aos ferimentos quando o armário que escalava para pegar um refrigerante tombou em cima dele.
Os dados coletados por Leandro em reportagem apresentada em três páginas do Vida são desconcertantes. Todos os anos, cerca de 3,7 mil meninas e meninos com menos de 14 anos perdem a vida por conta de acidentes, muitos em ambientes domésticos. Outros 113 mil são internados.
– O que chama atenção, e assusta, é que um pai e uma mãe zelosos, exemplares, podem viver uma tragédia em um segundo de descuido. Os acidentes não acontecem só com pais relapsos. É preciso muita atenção aos detalhes – diz o repórter Leandro Rodrigues, 40 anos, que está em sua segunda passagem por ZH.
Todas as dicas da reportagem, editada de forma esquemática, são úteis. Como pai de duas crianças, Alícia, dois anos e oito meses, e Santiago, oito anos, recomendo, além da leitura, que você compartilhe o texto com tios, dindos, parentes, vizinhos mais chegados, babás, enfim, com quem de alguma forma lida com os seus filhos e netos no dia a dia. Boa leitura.