Longe vão os tempos em que o Brasil era um país de jovens. Nossa população envelheceu e, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), começará a diminuir em 2042. No Rio Grande do Sul, a mudança ocorrerá de forma ainda mais acelerada, a contar de 2027. A principal razão para a inflexão demográfica é a queda na taxa de fecundidade, com a consequente redução do número de filhos por mulher.
A queda nos nascimentos, combinada com o aumento da expectativa de vida, resulta em rápido envelhecimento, trazendo consigo desafios sociais e econômicos significativos. Um dos mais críticos é o impacto na Previdência Social. Com menos pessoas ingressando no mercado de trabalho, faltará dinheiro para financiar o número crescente de aposentadorias.
A queda nos nascimentos, combinada com o aumento da expectativa de vida, resulta em rápido envelhecimento, trazendo consigo desafios sociais e econômicos significativos
Simultaneamente, a demanda por serviços geriátricos aumentará, exigindo altos investimentos em saúde. No campo econômico, haverá redução da força de trabalho, o que pode afetar negativamente a produtividade e o crescimento econômico. Mas tem um outro ponto nesta questão que me preocupa bastante: a ameaça de perpetuação da pobreza.
Ocorre que a diminuição no número de nascimentos é mais pronunciada nas classes sociais altas, nas quais as mulheres com maior escolaridade e acesso ao mercado de trabalho têm crianças mais tarde e em menor número. Em contraste, as pertencentes às camadas sociais mais vulneráveis continuam a engravidar muito cedo e com maior frequência.
Dados do IBGE mostram que as jovens de famílias com renda per capita de até um quarto do salário mínimo têm 3,9 filhos em média. No outro extremo, na parcela mais rica, a média é de 0,77 filho por mulher. Essa disparidade só tende a aprofundar a desigualdade social e a miséria. Para reverter essa tendência, é crucial implementar um programa efetivo de planejamento familiar que ofereça informações claras e acessíveis sobre métodos contraceptivos, saúde sexual e gravidez responsável.
Além disso, é preciso combater mitos e tabus, especialmente os religiosos, sobre sexo e reprodução. Políticas de proteção e empoderamento das mulheres também são essenciais para que possam ter maior independência e controle sobre seus corpos e suas vidas. Sem uma ação rápida e comprometida por parte dos governos e da sociedade, o futuro do país está ameaçado. Corremos o sério risco de virar uma nação envelhecida e irremediavelmente pobre.