Os Jogos Olímpicos entram na sua última semana de competições com os mais diversos sentimentos. Da emoção das vitórias à frustração das derrotas, sorrisos e lágrimas se misturaram nos últimos 12 dias. E, claro, algumas polêmicas dentro das quadras, tatames, ringues, campos, raias e até mesmo fora do âmbito do esporte. Uma delas surgiu muito antes de Paris dar início ao maior evento esportivo do planeta: os uniformes, especialmente os do Brasil.
Em um país que ama polêmica, o brasileiro não iria se furtar de criar ao menos uma. Afinal, quem não gosta de dar seu pitaco, ainda mais nos tribunais das redes sociais, que julgam, absolvem e criticam a cada fração de segundo. Os grupos pró e contra as vestimentas de viagem e desfile de cerimônia seguem duelando. E como essa é a última semana, já estou prevendo uma nova batalha.
Aqui em Paris, tive a oportunidade de encontrar com a Cathyelle Schroeder, diretora de marketing e comunicação da Riachuelo, empresa parceira do Comitê Olímpico do Brasil, que produziu as roupas. Quis saber dela a repercussão dessa polêmica.
— Todas essas famílias envolvidas, o COB, a empresa, ninguém fez nada pensando em não agradar. A cidade das bordadeiras - Timbaúba dos Batistas, que fica a 282 km de Natal - parou no desfile. Faz parte esse momentos (de críticas). Nós vivemos isso. A empresa precisa ouvir, acolher, é hora de entender. Aumentamos nosso time de monitoramento para garantir que vamos dar vazão a todos os comentários. Nosso papel é ouvir o consumidor, é pra eles que nós trabalhamos. Nesse momento, são os atletas e queremos que eles se sintam bem. Mas precisamos ouvir, entender tudo que está sendo dito e voltar pra casa com olhar de futuro, de ação e com compromisso pra evoluir — disse a gaúcha de Canoas, que demonstrou preocupação com a situação do Rio Grande do Sul, após as enchentes de maio.
Na conversa também aproveitei para saber dela como os atletas teriam reagido a tudo isso.
— Nós somos parceiros do COB desde 2020, da CBV, a Rebeca (Andrade) é nossa atleta. Estamos com um squad de mais 11 atletas. Queremos seguir investindo no esporte, onde pudermos fazer diferença. Apoiar o esporte é muito importante. Estamos muito além de uniformes, acreditamos no esporte e no Brasil — afirmou.
Em Paris, bordadeiras que trabalharam na confecção dos uniformes se fizeram presentes na Cerimônia de Abertura.
— As nossas bordadeiras tem a sensação de sonho ser transformado em realidade. Projeto de dois anos, mais de 500 famílias envolvidas. Estar com elas na rua e vê-las emocionadas aqui (Paris) recordando suas origens humildes e que estão aqui é de arrepiar. Elas são minhas atletas medalha de ouro. O trabalho delas, é (feito) com amor, paixão. São mulheres de uma cidade do semi-árido do Nordeste. Uma luta incrível. Esse é o esporte delas e elas estão no pódio — garantiu Cathyelle.