Os Jogos Olímpicos abrem as portas para muitas discussões. Não é possível apenas tratarmos de resultados. É necessário se falar de saúde mental, como se iniciou em Tóquio, assim como devemos debater outros temas que fazem parte do dia a dia. Não é possível ter preconceito algum, incluindo esse tema tão caro a cada um de nóe.
Nos últimos dias estive acompanhando o judô e vi vários homens e mulheres desabando em choros convulsivos após derrotas, como se ali estivesse o fim do mundo. Na verdade, é apenas o final de um ciclo e o início. Para quem já competiu aqui em Paris, Los Angeles 2028 já começou.
Em uma sociedade cheia de preconceitos, a questão mental ainda é vista com ressalvas e até falas que podem levar a outro preconceito, o da homofobia. Afinal "homem não chora", por exemplo. Quem disse? Você que está lendo nunca chorou por uma frustração?
No domingo, vi Hugo Calderano, quarto colocado nos Jogos de Paris desabar à minha frente após eu usar para ele a frase do judoca Rafael Macedo: "Não será uma medalha que vai me definir".
E isso com certeza se enquadra ainda mais quando tratamos de um jogador que está no top 20 há anos e que, aqui na França, se tornou o primeiro não asiático ou europeu a chegar a esta fase de um torneio olímpico.
Ao usar a frase de Macedo, observei Hugo dizer umas palavras, cair de joelhos, colocar as mãos no rosto e se esconder por segundos debaixo da toalha. Como campeão, ele se ergueu e voltou onde eu estava ao lado da colega Sheila Vieira, do canal Olympics.com, para concluir a resposta.
Mas naquela hora não era mais necessário. Não seria uma resposta a mais ou menos que mudaria meu conceito sobre a importância de Hugo Calderano para o esporte brasileiro.
Chora, Hugo. Pois isso pode te fazer bem. Nós choramos com você. A vida é assim, de certezas, alegrias, vitórias, mas também de frustrações, derrotas e insegurança. Afinal, somos humanos e, mesmo vocês, atletas preparados física e mentalmente para duras batalhas, precisam ter esse direito.
Djokovic enfim é campeão olímpico
A medalha de ouro de Novak Djokovic em Roland Garros tem um nome: persistência. Foram necessárias cinco Olimpíadas para que o maior vencedor de Grand Slam experimentasse esse sabor.
Depois de um bronze em Pequim-2008, um quarto lugar em Londres-2012, uma sofrida derrota na estreia no Rio-2016 e um novo quarto lugar em Tóquio-2020, o sérvio finalmente conseguiu subir no degrau mais alto do pódio e chegar a 99 títulos na carreira.
Duelo no basquete
A seleção brasileira masculina de basquete terá um duelo de quartas de final em Paris, onde o rival tem 99% de favoritismo. Mas o esporte permite sonhar, mesmo que isso seja considerado impossível. Afinal quem imagina ser possível derrotar os Estados Unidos de Stephen Curry, LeBron James, Kevin Durant, Jayson Tatum e Anthony Davis?
Mas de forma alguma essa eliminação prevista pode apagar o que foi feito por Aleksandar Petrovic e seus comandados, que após um ciclo olímpico muito fraco.
Sob o comando do antecessor Gustavo de Conti, conseguiram em pouco tempo uma organização mínima para garantir a vaga olímpica eliminando a Letônia, que jogava em casa, e uma classificação entre os oito melhores dos Jogos de Paris.