Se a torcida brasileira, na qual me incluo — afinal, em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo podemos torcer — ficou indignada com o resultado da luta de Rafael Macedo na disputa da medalha de bronze, não foi isso que vi do judoca brasileiro.
Na zona mista, onde jornalistas do mundo todo disputam espaço de maneira ferrenha, como os judocas fazem ao tentar uma pegada na manga ou na gola do quimono do adversário, Macedo estava tranquilo, apesar da derrota e de uma decisão contestável da arbitragem.
Teria sido ele prejudicado para que o francês ficasse com um lugar no pódio? Esse era o sentimento geral de quem estava na Arena do Campo de Marte e de quem acompanhava pela Rádio Gaúcha ou nas imagens da RBS TV. Nas redes sociais, a indignação era geral e deve seguir até agora.
Porém, após deixar a arena, tive a oportunidade de conversar com o Rafael e sua esposa, Manoella, ao lado da Alice Bastos Neves e do Tiago Cirqueira, e encontramos nele uma serenidade ainda maior e até de causar espanto. E não era conformismo, antes que alguém pense nisso. Era sentimento de quem fez o seu melhor. E uma frase dele me chamou atenção:
— Eu sou mais do que uma medalha. Sou marido, filho e amigo.
Em um país em que vale apenas o resultado, senão você é um fracassado, as palavras de Rafael Macedo soam como um alento. Até porque todos somos mais do que um resultado.