O vôlei brasileiro vive um momento de crise. A derrota para a Argentina, na decisão do Campeonato Sul-Americano, se tornou algo histórico para os hermanos e preocupante demais para o lado verde e amarelo. Afinal, a seleção jamais havia perdido a competição.
Mas não é só por ter deixado escapar o título do torneio continental em casa que o vôlei brasileiro está em um momento delicado. Arriscaria a dizer em processo de crise, mesmo que o discurso de jogadores e até comissão técnica seja de tentar apaziguar o constatado nas quadras. A verdade é que o atual trabalho é ruim, não só pelos resultados, mas também por falhas dentro e fora de quadra.
Em Tóquio, durante os Jogos Olímpicos, alertei sobre este processo. Ali, o Brasil pela primeira vez deixou o pódio, depois de quatro finais consecutivas. E não foi só isso. Desde então, ocorreram duas eliminações nas quartas de final da Liga das Nações, e apenas um sofrido bronze conquistado no Mundial do ano passado, quando a comissão técnica precisou recorrer a Wallace, já aposentado, para suprir a carência da posição de oposto.
Pois temos aqui um dos pontos. A renovação tem falhado. A base não está dando jogadores suficientes para um processo de renovação e os resultados das competições dos torneios destas categorias são a prova dessa falha.
Após o fracasso em Recife, quando o Brasil perdeu a impressionante sequência de 164 vitórias e nenhuma derrota na história do Sul-Americano, a preocupação passou a ser com a vaga para os Jogos de Paris em 2024. Para estar lá, será necessário ficar entre os dois melhores do Pré-Olímpico, que será disputado entre setembro e outubro no Rio de Janeiro. O rival mais perigoso é a atual campeã do mundo, a Itália. Irã, Cuba, Alemanha, República Tcheca, Ucrânia e Catar serão os outros rivais e, em teoria, a seleção tem ampla possibilidade de ficar ao menos em segundo no torneio. Mas a quadra não vem demonstrando isso e aqui reside o grande ponto de atenção.
Se não ficar entre os dois primeiros, restará ao Brasil se qualificar pelo ranking da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), que será o balizador para definir as vagas restantes para Paris, dentro do critério da universalidade, no qual os países de melhor ranking de continentes ainda não classificados terão prioridade. Dessa forma, nossa briga com os argentinos prosseguirá. Eles também terão a chance de se classificar na quadra, em torneio que acontecerá na China. E caso isso aconteça, apenas o ranking poderá não ser suficiente, o que daria a mais uma fato inédito, o de a seleção masculina ficar fora de uma Olimpíada, algo que jamais aconteceu desde 1964, quando a modalidade passou a integrar o programa olímpico.