O vôlei masculino do Brasil deixará Tóquio sem medalha, depois de quatro finais consecutivas. A campanha irregular e as atuações abaixo do esperado de algumas das principais estrelas da equipe, como Bruninho, Leal e Wallace, acabaram por gerar muitas críticas de torcedores.
Aqui, alguns pontos a considerar. Claro que o resultado foi decepcionante, e o vôlei, por tudo o que construiu, tem cobrança como a seleção de futebol. Porém, é necessário se considerar que o cenário mundial apresenta outras grandes seleções, como me disse o central Lucão após a partida.
O gaúcho de Colinas, aliás, foi o jogador mais regular da equipe e, apesar da decepção, já pensa em Paris 2024, quando o time brasileiro precisará voltar a mostrar força e terá como principal rival a França, que foi campeã em Tóquio e será dirigida por Bernardinho a partir de agora.
Resultadismo
Com a cultura do futebol, o torcedor brasileiro em geral só sabe da existência de Hebert Conceição, Bia Ferreira, Ana Marcela Cunha, Abner Teixeira, Luisa Stefani, Laura Pigossi e outros nomes quando da disputa dos Jogos Olímpicos.
Mas, mesmo sem saber quem são os atletas e como são disputadas as modalidades, suas circunstâncias e pormenores, todos se dão o direito de cobrar e criticar em momentos de resultados negativos, como foi o caso do vôlei masculino, assim como se tornam especialistas em vitórias de Isaquias Queiroz e Rebeca Andrade — que, por sinal, defendem o mesmo clube no Brasil.
Volta por cima
A próxima madrugada reserva fortes emoções para o Brasil em Tóquio. O último dia das Olimpíadas terá a decisão de Bia Ferreira no boxe e a final do vôlei feminino contra os Estados Unidos, que são favoritos. O retrospecto recente favorece a equipe comandada por Karch Kiraly, único campeão na quadra e na praia como jogador.
Mas o time de José Roberto Guimarães, único treinador campeão olímpico no masculino e no feminino, parece disposto e pronto a quebrar a banca norte-americana e recuperar a hegemonia, repetindo os títulos de 2008 e 2012.
Esta final será importante para a gaúcha Fernanda Garay. A ponteira tem por objetivo ser mãe, depois dos Jogos, e por isso deixará a seleção brasileira. Aos 35 anos, ela deve estar em sua última Olimpíada, e o ouro seria a consagração para a jogadora, que foi decisiva na conquista de Londres 2012 e que disse há alguns dias, na Rádio Gaúcha, que "viveu um luto" após a derrota inesperada para a China nas quartas de final na Rio 2016.
Para a história
O canoísta Isaquias Queiroz ganhou sua sonhada medalha de ouro e chegou a quatro pódios olímpicos, somadas as conquistas do Rio de Janeiro. Humilde e atencioso, o baiano é um dos maiores nomes do esporte brasileiro na atualidade.
Com a vitória em Tóquio, Isaquias já é candidato a se tornar o recordista de medalhas olímpicas do Brasil, posto hoje ocupado pelos velejadores Robert Scheidt, com duas de ouro, duas de prata e uma de bronze, e Torben Grael, que também acumulou cinco medalhas, mas com duas de ouro, uma de prata e duas de bronze.
A emocionante vitória no Sea Foresy Waterway era para o baiano de 27 anos uma questão de honra, após a morte de seu ex-treinador, o espanhol Jesús Morlan. Isaquias desejava ganhar a todo custo para dar mais uma medalha para o responsável por seu crescimento e que perdeu uma batalha contra o câncer em 2018.
Zerados
Foi a diretora de Comunicação e Marketing no Comitê Olímpico do Brasil (COB), Manoela Penna, quem deu a informação na Rádio Gaúcha. Nenhum brasileiro testou positivo para covid-19 ou precisou passar por isolamento desde a chegada das diversas delegações ao Japão. O fato foi comemorado ainda mais em um momento em que a capital japonesa registra mais de 4 mil casos diários nos últimos dias.
Este será um dos temas da coletiva que o COB fará neste domingo para realizar um balanço da participação brasileira nos Jogos de Tóquio 2020. Estarão presentes o presidente Paulo Wanderley Teixeira; Rogério Sampaio, diretor geral do COB; Marco La Porta, chefe de missão; Jorge Bichara, Sebastian Pereira e Manoela Penna, subchefes de missão; e Ana Carolina Corte, coordenadora médica do COB.