Campeão olímpico neste sábado (7), na canoagem de velocidade, Isaquias Queiroz dedicou a medalha de ouro ao seu mentor, o técnico espanhol Jesus Morlán, morto em 2018. O canoísta baiano também se disse honrado por proporcionar felicidade para os brasileiros que torceram por ele.
— Estou feliz, mas mais feliz ainda por estar deixando os brasileiros felizes. Eu prometi e fui atrás. Toda a nossa equipe da canoagem tinha o objetivo de ganhar a medalha de ouro para o Jesus. No Rio não veio, mas o Lauro (Souza Júnior, atual técnico) deu continuidade ao trabalho dele, e conseguimos — declarou.
Considerado o maior técnico de canoagem do mundo quando chegou ao Brasil, em 2013, Morlán já tinha conquistado cinco medalhas olímpicas, treinando o espanhol David Cal. Após implementar uma nova metodologia no treinamento da modalidade no Brasil, o treinador conduziu Isaquias a duas medalhas de prata e uma de bronze, no Rio de Janeiro, em 2016.
Contudo, vitimado por um câncer no cérebro, Morlán não viveu para ver o pupilo ganhar o ouro. Antigo auxiliar do espanhol, Lauro Souza Júnior assumiu a missão de comandar os treinos de Isaquias. E com sucesso.
— Antes da chegada do Jesus, nós éramos praticamente amadores, não tínhamos uma metodologia de trabalho. Nós tínhamos muita vontade, mas não tínhamos o conhecimento. Eu acreditava que eu era um treinador, mas só virei um treinador de verdade quando passei a conviver com o Jesus — contou Lauro recentemente a GZH.
Após conquistar o ouro, Isaquias fez questão de dividir os louros do título com o atual técnico.
— A medalha não é só minha. É minha e do Lauro. Muita gente não acreditava que ele poderia dar sequência ao trabalho do Jesus. Hoje, ele pode levar (às Olimpíadas) não apenas a mim, mas outros atletas também — completou.
Por fim, Isaquias explicou a sua decisão de parar de remar, no final da prova, quando ficou claro que o ouro já estava garantido.
— Eu estava a 100 metros do fim, já sem força, e falei: "Cara, ela (a medalha) é minha. Eu sou campeão olímpico. Tinha que ser agora. Não poderia ser em Paris. Para mim, Paris está longe ainda. Não é logo ali. Seria muito ruim para o meu coração ficar remoendo uma perda do ouro até 2024. Agora, com a medalha de ouro, a preparação vai ser muito melhor — finalizou.
Se vencer mais duas medalhas nos Jogos de Paris, Isaquias entrará para a história como o maior medalhista olímpico da história do Brasil em todos os tempos.