Nesta segunda-feira (14), em São Paulo, o vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou novos nomes para os grupos técnicos que compõem a equipe de transição do governo. E o Esporte foi uma das áreas que conheceu aqueles que serão responsáveis por esse processo. No total, nove pessoas foram nomeadas.
Alguns são bastante conhecidos para quem milita na área esportiva, até por se tratarem de grandes atletas da história do nosso esporte. Ex-jogador da Seleção Brasileira tetracampeã mundial, Raí fundou em 10 de dezembro de 1998, ao lado de outro colega de Seleção, Leonardo, a Fundação Gol de Letra. A instituição atende crianças, adolescentes e jovens. Eleita uma das melhores ONGs de 2022, a Fundação tem o esporte como fator importante de transformação social e trabalha em diversas áreas. Recentemente, o ex-camisa 10 concluiu um mestrado em Políticas Públicas na renomada escola francesa Sciences Po, de Paris.
Ex-medalhista olímpica e uma das maiores jogadoras de vôlei do mundo em sua geração, Ana Moser ficou marcada pela discussão com as cubanas na semifinal dos Jogos de Atlanta-1996, e a exemplo de Raí também é responsável por importante projeto, o Instituto Esporte e Educação, criado em 2001 e que já atendeu mais de 6 milhões de crianças, adolescentes e jovens e capacitou mais de 55 mil professores e educadores em todo o Brasil.
Entre as atividades está a Caravana do Esporte, que atravessa o país e promove "o atendimento a crianças e adolescentes na faixa etária de sete a 14 anos, alunos da rede pública de ensino, com estações de esporte educacional em diversas modalidades, e também promove uma formação continuada de 40 horas aos professores da rede pública de ensino, promovendo dinâmicas e encontros para a discussão da metodologia aplicada". Durante a pandemia, ela foi uma das responsáveis pelo lançamento do movimento Esporte pela Democracia, que prega o respeito à diversidade e a luta contra o racismo e o autoritarismo.
Outra velha conhecida das quadras é Isabel Salgado, uma das principais jogadoras de vôlei do Brasil nos anos 1980. Mãe dos jogadores de vôlei de praia Pedro, Maria Clara e Carol Solberg, que comprou briga com a CBV ao gritar “Fora Bolsonaro”, a ex-camisa 7 da seleção também faz parte do Atletas pela Democracia, assim como Raí e Ana Moser, entre outros.
Ainda na lista de ex-atletas está Marta Sobral, que defendeu a seleção feminina de basquete que conquistou duas medalhas olímpicas e três pan-americanas, atuando ao lado de Hortência, Paula e Janeth. A ex-pivô chegou a posar para a revista Playboy em 1991, uma época em que poucas mulheres negras ganhavam destaque na publicação. Em 2013, assumiu a Secretaria de Esportes de Santo André, na região do ABC, em São Paulo. Atualmente, dá palestras motivacionais e segue no combate ao racismo e preconceito.
Verônica Hipólito, de apenas 26 anos, é duas vezes medalhista em Jogos Paralímpicos e em 2019 criou o Time Naurú, que fomenta o atletismo paralímpico entre jovens. Segundo ela, a iniciativa é dividida em três pilares: saúde, educação e esporte. Quando do lançamento do projeto, em uma live, a corredora destacou que "o Time Naurú levanta várias bandeiras. Não aceitamos transfóbicos, xenofóbicos e racistas. O nosso time tem a maioria de negros, de mulheres, e pluralidade de religiões. Nossos atletas têm que ser plurais, têm que ter valores que batem com os nossos. São os valores do esporte".
Para fechar a lista de ex-atletas está Mizael Conrado, que é bicampeão paralímpico no futebol de 5 (para cegos) e formado em Direito pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Desde 2017, é presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), entidade que se tornou referência no mundo. Antes de chegar ao posto, ele exerceu a vice-presidência da entidade e teve importante atuação na aprovação do estatuto da pessoa com deficiência, a Lei Brasileira da Inclusão (Lei 13.146/2015), que, entre outros benefícios, aumentou os investimentos no esporte paralímpico nacional.
Mas além de atletas, outros nomes compõe o grupo técnico. O primeiro deles é Nádia Campeão, que foi vice-prefeita de São Paulo, na gestão Fernando Haddad, e que exerceu o cargo de secretária de Esportes da capital paulista durante o governo Marta Suplicy. No seu trabalho, destaca-se a criação dos CEU’s (Centros Educacionais Unificados), que tem por objetivo integrar educação, cultura e esportes.
Professor de Educação Física, Consultor Esportivo, ex-vereador de São Benardo do Campo por dois mandatos, além de secretário de Esportes do município paulista, José Luiz Ferrarezi baseou toda sua carreira política ligada à política pública do esporte. Também ocupou o cargo de secretário de Esporte e Cultura de Mauá-SP e presidiu o Conselho Municipal de Educação de Cubatão por dois anos.
A lista é fechada por Edinho Silva. Atual prefeito de Araraquara, ele é o único não ligado ao esporte. Porém, por ser um bom articulador político, é um forte candidato ao cargo de Ministro do Esporte, já que a pasta deverá ser recriada no governo Lula.
Em debate antes do primeiro turno das eleições, Lula se reuniu com diversos atletas, ex-atletas, jornalistas, profissionais e dirigentes esportivos, e alguns temas foram tratados. Edinho, então coordenador de comunicação da campanha, falou sobre planejamento para o esporte.
— O avanço do esporte no Brasil só se dará se criarmos um Sistema Único de Gestão, modelo semelhante ao da Saúde, da Educação e da Assistência, estabelecendo a atribuição de cada ente federado, fazendo com que o esporte se torne uma política de fato do Estado brasileiro.