Imaginem comigo um laboratório. Que imagem vêm à cabeça de vocês? Mesas de aço, tubos de ensaio, microscópios, cientistas vestindo jalecos brancos fazendo experimentos? Se a imaginação de vocês foi a este lugar, provavelmente nos encontramos por lá. Pensei o mesmo! Porém, em uma visita recente à PUCRS, fui apresentada a um laboratório absolutamente diferente. O Labif - Laboratório das Infâncias.
O espaço faz parte da Escola de Humanidades da Universidade, e foi criado durante a pandemia como a busca de uma resposta científica aos impactos no universo infantil. O que começou em 2020, com foco em crianças e analisar os efeitos do coronavírus e do período de isolamento, se ampliou para adultos e as vulnerabilidades e desigualdades sociais. Iniciou como um trabalho online, mas logo ganhou um espaço físico.
Uma sala que é um convite à brincadeira e à exploração da imaginação. Mesas de diferentes tamanhos, tintas, tecidos, objetos da natureza. Ali uma equipe interdisciplinar de professores e alunos de pós-gradução recebe famílias para desenvolver projetos integradores com foco na infância, articulando ensino e pesquisa, com atividades voltadas à sociedade e à academia. Um jeito bonito de dizer que essa turma está transformando a nossa forma de ver e pensar a infância.
Se o futuro do mundo está nos pequenos, se sabemos que são eles que vão construir o amanhã, será que a gente não deveria olhar mais para eles? Será que não passa pelas nossas muitas atribuções a necessecidade de dar mais atenção aos que as crianças dizem e pensam? Pois é exatamente a isso que o Labinf se propõe.
Sob essa perspectiva, eu e o Lucianinho Périco, que estamos vivendo uma jornada de exploração de Reinos do Conhecimento na PUCRS no game Caminhos - Um Novo Mundo, no Globo Esporte, na RBS TV, recebemos o desafio de andar pelas ruas do Campus e buscar elementos para montar a nossa imagem de um corpo humano. A missão era realizar a atividade tentando usar a lógica de uma criança.
Cada um de nós fez de uma forma. Eu montei uma menina jogadora de futebol em cima de um papelão no chão. Cabelos de folhagens verdes, braços e pernas de troncos de árvores. O Lucianinho fez um boneco com gravetos e copinhos. Colocou uma caneca de metal na cabeça como referência ao Menino Maluquinho, livro clássico do Ziraldo.
Foram algumas horas em que estivemos ali trabalhando, brincando, nos permitindo ser crianças. E tanto a professora responsável pelo projeto quanto a turminha que estava lá para formar um jurí e escolher o melhor trabalho nos encheram de elogios. Saímos contentes como quando estávamos ainda na infância mesmo. E, mais do que isso, deixamos o laboratório diferente com um novo olhar sobre a forma de ver os pequenos. Eles merecem ter voz e receber atenção, porque não importa qual seja a pesquisa, novidade tecnológica, estudo que preveja o futuro, a garantia que temos dos anos que virão certamente estarão nas crianças de hoje.