O maior objeto de desejo de todas as seleções que estão no Catar é uma taça feita de ouro 18 quilates, com 36,8 centímetros de altura e 6,1kg. Réplicas dela são vendidas em diferentes tamanhos, e em formato de chaveiro, pendrive, imã de geladeira nas lojas de produtos oficiais. Uma versão enorme, inflável, está no meio do gramado sempre antes dos jogos.
A taça da Copa do Mundo reina soberana em Doha. Mas foi outro troféu que chamou minha atenção na região de Msheireb DownTown. Com os escudos e inscrições dos nomes de Grêmio e Inter na base, mostrando ao mundo o tamanho da nossa dupla Gre-Nal, a taça da Libertadores é uma das atrações do espaço da Conmebol.
Tradicionalmente, as confederações criam suas "casas", espaços para divulgação, nas principais cidades dos países-sede do mundial. No Catar, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) criou estrutura com enorme árvore prateada no centro, representando as raízes do futebol da região, que exporta atletas para todo o planeta. No entorno do tronco, um desfile do melhor que os sul-americanos já produziram para o mundo. Em uma parede, enorme foto de Neymar e Messi abraçados. Estátuas em tamanho real de Pelé e Maradona.
A cultura, a arquitetura e o folclore do sul das Américas também está representado. Pequenas casas coloridas fazem referência ao bairro de Caminito, em Buenos Aires. Bandeiras em verde e amarelo lembram a única seleção pentacampeã na história. Além disso, todas as manhãs, as taças originais da Copa América, Libertadores e Sul-Americana, masculina e feminina, são colocadas em redomas de vidro atraindo atenção de quem passa.
Visitando esse espaço fiquei pensando no quanto o futebol da América do Sul contribuiu e contribui para a história da modalidade no mundo. Seria necessário muito mais do que uma pequena exposição para dividir nossa experiência e nossas conquistas, mas esse cantinho sul-americano no Catar me fez sentir orgulho de onde vim.
Só temos duas seleções sul-americanas nas oitavas-de-final da Copa: Brasil e Argentina. Duas enormes rivais. As duas preferidas dos torcedores locais, que desfilam por Doha vestindo camisetas verde e amarelas e azuis e brancas. Quando encontrar com eles, vou sugerir que visitem esse lugar. A admiração vai aumentar ainda mais.
Não é de ouro, mas é churrasco gaúcho no Catar
Leonardo Ribeiro, 38 anos, é paraense, de Belém, mas foi criado no Rio Grande do Sul. O "paraúcho", como se autodenomina, é um dos garçons da churrascaria mais tradicional de Doha. No estilo espeto corrido, cortes de picanha, costela e vazio desfilam entre as mesas sendo oferecidos em espetos por garçons vestindo bombachas. A rede de churrascarias tem sedes também na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
Leonardo já está há oito anos trabalhando em churrascarias em solo árabe. Diz que gosta muito da segurança que sente em viver aqui, apesar da saudade de Porto Alegre. Foi servindo carnes na capital gaúcha que ele recebeu a primeira proposta para trabalhar nos Emirados Árabes. Aceitou na hora e diz que é um mercado interessante para quem quer construir carreira fora do país.
O churrasco brasileiro chama atenção dos árabes, que procuram o local para saber mais da cultura do Brasil e é frequentado por muitos brasileiros que passam por aqui para sentir o sabor de casa. Além dos cortes de carnes, salada de maionese, salpicão de frango, pão com alho e pão de queijo, entre outras delícias, complementam o cardápio.
Nessa churrascaria não encontrei a famosa carne coberta por ouro, que custa cerca de três mil reais, e foi consumida por um grupo de jogadores da Seleção Brasileira em uma noite de folga aqui em Doha. Gerou tanta polêmica a atitude, que na próxima vou convidá-los a comer um churrasquinho "mais simples" comigo. O "paraúcho" Leonardo certamente adoraria servi-los.