A presidente da Danone para a América Latina, Silvia Dávila, divulgou nesta sexta-feira (1º), nova nota de esclarecimento na qual reafirma não haver restrições à compra de soja brasileira na cadeia de suprimentos da empresa. É a terceira manifestação da companhia sobre o tema em uma semana.
"Reafirmamos que não há medidas restritivas na compra de soja brasileira na cadeia de suprimentos da Danone em todo o mundo", diz na nota, acrescentando que "a informação circulada sobre este tópico não é precisa" e que a soja brasileira "é um insumo essencial para nossos produtores de leite". "Isso se aplica não apenas à cadeia de suprimentos brasileira, mas também a outros países onde operamos", complementa o texto.
Dávila, que também integra o Comitê Executivo Global da Danone, havia se manifestado na quarta-feira (30), por meio das redes sociais da empresa, em uma nota mais extensa na qual reconhecia "o notável compromisso do governo brasileiro em preservar as florestas locais".
A nova declaração ocorre após uma onda de críticas no Brasil, desencadeada por declarações do diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, que, em entrevista à Reuters, sugeriu que a empresa estaria optando por fornecedores asiáticos de soja em antecipação à legislação de combate ao desmatamento da União Europeia, a EUDR, que deveria entrar em vigor em janeiro de 2025.
A polêmica provocou reações imediatas de produtores brasileiros e de autoridades do setor agrícola. Na terça-feira (29), a filial brasileira da Danone já havia divulgado um primeiro comunicado, assinado pelo presidente Tiago Santos, negando qualquer interrupção nas compras de soja nacional.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) classificou a postura da Danone como "um ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania". A entidade argumentou que os produtores brasileiros são "os únicos no mundo que preservam o meio ambiente para o Brasil e para a humanidade", citando as exigências do Código Florestal.
O Ministério da Agricultura também se manifestou, afirmando que o Brasil não aceitará "restrições desproporcionais a produtos brasileiros" e criticando posturas consideradas "intempestivas e descabidas" por parte de empresas europeias. A pasta destacou que o país atinge "altos padrões" de sustentabilidade e mantém "compromisso com comércio justo e ambientalmente responsável".