O temporal que provocou enchentes entre abril e maio no Rio Grande do Sul também afetou a produção de mel no estado. A Câmara Setorial de Apicultura afirma que 6 bilhões de abelhas morreram com a chuva, destruindo 19,4 mil colmeias e afetando 37 mil apicultores gaúchos.
Com excesso de chuva, a oferta de néctar e pólen diminui nas flores. Isso faz com que as abelhas percorram distâncias maiores atrás de alimento, gastando mais energia. As questões climáticas também afetam a reprodução dos insetos, diminuindo a população das colmeias. Além disso, as colmeias ficaram submersas ou foram carregadas pela força da água.
Em todo o RS, a queda na produção de mel chega a 70%, de acordo com a Emater. Desde 2023, os apicultores enfrentam uma redução na produtividade em razão da chuva. O apicultor Milton Emílio Kegler, de Santa Maria, na Região Central, teve a safra comprometida com a instabilidade no tempo.
— A redução foi muito grande, foi mais de 50%. Tem um apiário com 17 colmeias, não colhi nenhuma gota de mel — diz.
O Observatório de Abelhas do Brasil mapeou perdas em pelo menos 82 municípios do estado.
— Nós visitamos alguns desses apicultores que perderam todas as suas colmeias. Não ficou nenhuma colmeia, e eles dependem disso. Então, ele perdeu mel que estava armazenado, ele perdeu a colmeia. Ele precisa de uma nova safra, uma nova estação para que as abelhas fiquem fortes de novo, que tenha floradas de novo — comenta Betina Bloechtein, coordenadora executiva do Observatório de Abelhas.
Mel até 30% mais caro
A Associação dos Apicultores do RS estima que, em função dos baixos estoques, o preço do quilo de mel possa aumentar até 30% para os consumidores.
— Eu sou um pequeno produtor, então minha produção é praticamente toda vendida direto para o consumidor. Já foi necessário fazer um reajuste no preço para os clientes — fala o apilcultor Milton.
O setor propões medidas de urgência, como o incentivo à produção de enxames e de caixas para distribuição aos apicultores.
— Nós precisamos, urgentemente, repor os polinizadores do estado do Rio Grande do Sul. Nós precisamos montar uma fábrica de caixas no Parque Apícola de Taquari, que não foi atingido pelas enchentes e que tem uma estrutura para isso aí. E precisamos também de uma fábrica de lúpus, produzir pequenos enxames e também princesas e rainhas para serem distribuídas aos apicultores — sugere Patric Arend Luderitz, coordenador da Câmara Setorial de Apicultura.
O problema provocado pela chuva também deve prejudicar a polinização de vegetais produzidos no Rio Grande do Sul. Sem a ação das abelhas, os grãos podem ser menores, com menor peso e menor quantidade de sementes por vagem.