Em entrevista na manhã desta quinta-feira (6) ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, falou sobre a medida de importação de arroz, devido ao risco de desabastecimento causado pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul no mês de maio. Segundo Pretto, a importação é necessária, pois há uma estreita lacuna entre o consumo e a produção.
— O Brasil tem uma produção muito apertada entre o que produzimos e consumimos. No ano passado, tivemos a menor safra de arroz dos últimos 33 anos. Estamos projetando, neste ano, 10,4 milhões de toneladas de arroz. Consumimos, por ano, 11 milhões de toneladas. Como temos uma margem tão estreita, o que aconteceu no Rio Grande do Sul, um grande produtor de arroz, interfere na produção — explicou.
Na noite de quarta-feira (5), a Justiça Federal havia determinado a suspensão do leilão para importação, acatando ação movida pelos parlamentares Marcel van Hattem e Felipe Camozzato, do Partido Novo, e pelo deputado federal Lucas Redecker (PSDB-RS). No entanto, nesta quinta-feira, uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) derrubou a liminar.
— O governo federal liberou a possibilidade de compra de até 1 milhão de toneladas de arroz. Não vamos comprar todo esse grão de uma vez só; faremos a compra de forma escalonada. O leilão que está ocorrendo destina-se à compra de 300 mil toneladas. Mesmo com essa remessa, continuamos sendo deficitários em arroz — completou Pretto.
Entidades e produtores pressionavam contra a medida. O entendimento era de que a compra era desnecessária e precipitada, e teria o potencial de fazer a área cultivada encolher novamente. Em entrevista à rádio Gaúcha, ontem, o diretor jurídico da da Federação dos Arrozeiros do Estado ressaltou que 85% da safra já havia sido colhida antes da enchente, e portanto, não há risco de desabastecimento.
— Tivemos um aumento de 11% no preço do arroz a nível nacional. O aumento que ocorreu não é normal para este período da safra. Com tudo isso, gerou-se uma incerteza no mercado. O que um governo responsável faz em uma hora como essa? Toma medidas. Se o mercado se estabilizar, o governo não tem nenhum interesse em ficar gastando dinheiro público com essas medidas — rebateu o presidente da Conab.
O tema da importação surgiu no início de maio, em meio à cheia que castigava o Rio Grande do Sul, Estado responsável por 70% da produção de arroz. Segundo Pretto, as questões sanitárias da importação do grão serão levadas "rigorosamente em conta".
— Nossos agricultores precisam receber a mão amiga do governo federal. No ano passado, investimos R$ 265 milhões de reais para os agricultores do trigo. A expectativa é que, a partir do próximo ano, com o Plano Safra, a produção seja aumentada — emendou.