A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou nesta quinta-feira (10) que o governo não fará nenhum tipo de intervenção nos preços dos principais alimentos da cesta básica. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, a ministra também foi enfática ao afirmar que "não existe risco de desabastecimento no país".
— Muita gente está em casa (na pandemia). Então, arroz, feijão e óleo foram mais consumidos. Onde elas comiam antes? Em outros lugares, mas quando você vai em um fast food ninguém come arroz e feijão. Houve um aumento de consumo. Alguns dizem "ah, mas exportou muito". Sim, mas nós temos estoque para abastecer o consumidor — avaliou.
O assunto ganhou mais repercussão na quarta-feira (9), quando Tereza Cristina confirmou o pedido para zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) para importar arroz de países de fora do Mercosul. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu pela isenção, de 400 mil toneladas do produto, até 31 de dezembro deste ano.
O argumento do governo é de que a medida serve como uma forma de precaução, para garantir o abastecimento.
Alta nos preços
Reportagem de GZH mostrou que, na região metropolitana de Porto Alegre, alimentos e bebidas acumulam alta de 4,88% entre janeiro e agosto de 2020, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ministra comentou o aumento:
— A gente tem que cuidar para que não sejam preços abusivos, mas que não deixem margem para escassez de alimentos. Isso tudo é um equilíbrio. (...) Estamos ligados na próxima safra. Tudo indica aumento de área, portanto, a produção deve ser maior. Temos que olhar a parte climática, temos problemas pontuais, mas, em outros é compensado. Para a próxima safra, o prognóstico é muito bom — ponderou.
Na quarta-feira, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou as principais empresas e associações ligadas à produção e à distribuição de alimentos da cesta básica. Os supermercados terão que listar quais os produtos tiveram maior variação no último mês e os três itens com maior reajuste.
Indagada sobre o episódio, a ministra disse que não sabia de antemão que a Senacon iria notificar os supermercados, mas afirmou que "a função deles é verificar", propor uma conversa. Tereza Cristina também negou qualquer possibilidade de intervenção nos preços:
— Não tem risco de intervenção, o presidente deixou isso bem claro. (...) Não existe motivo para nenhum tipo de pânico. Isso que eu queria deixar claro.