Após declaração da ministra Tereza Cristina, na tarde dessa quinta-feira (28), sobre os valores da carne no Brasil, foi a vez do presidente da Farsul, Gedeão Pereira, falar sobre o assunto. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã desta sexta-feira (29), Pereira afirmou que não existe previsão para que os preços do produto baixem no país.
De acordo com o presidente, o alto patamar do produto é resultado da globalização, com ênfase aos expressivos números de consumidores na China.
— Tudo isso é resultado de países continentais com muitos consumidores. Esse fator gerou repercussão do mercado das carnes do mundo inteiro. Não tem saída. As exportações para a China estão muito fortes — afirma.
O que também contribui no aumento, segundo Pereira, é o chamado período de entressafra. A seca na região central do Brasil faz com que os pastos fiquem até seis meses sem chuva.
A partir disso, os produtores fazem o confinamento de bovinos à base de grãos, "mantendo uma oferta mais ou menos normal para o período de seca". Já nos períodos das chuvas, leva tempo até que os bovinos engordem.
— Isso demora, geralmente até janeiro e fevereiro. Então, acabamos passando o fim de ano com uma oferta bem escassa. Além disso, as festas desta época aumentam a procura de carne — explica.
Ainda de acordo com o presidente, a solução mais provável é o estímulo do aumento da produção à médio e longo prazos.
— Esses preços estimulam o produtor a investir mais no trabalho e, consequentemente, produzir mais. As produções mais rápidas são as de frangos e suínos. — afirma.
Alternativas para o 2,4-D são mais caras
Na mesma entrevista, Pereira declarou que a Farsul está de acordo com a decisão do Ministério Público (MP) de suspender a utilização do agrotóxico 2,4-D.
— Nós defendemos a suspensão momentânea até que termine a greve (dos fiscais agropecuários), pois a fiscalização tem surtido efeito. Na amostragem, os 24 municípios observados tiveram diminuição da incidência do 2,4-D — explica.
Questionado sobre alternativas de outros herbicidas de característica semelhante ao 2,4-D, Pereira afirma que existem outros produtos, mas que o preço, neste caso, duplica.
— Temos muitos problemas de custos. É possível encontrar substitutos do produto, mas são muito mais caros. É uma situação complexa e, por isso, o melhor é a fiscalização — finaliza.