Andrea Urack Krug, mestre em Administração e doutoranda em Agronegócios na UFRGS
Engana-se quem pensa que a Agricultura 5.0 é para poucos. O futuro próximo, em 2022, aponta para a 5ª revolução, com equipamentos capazes de gerenciar a própria produtividade e com foco no bem-estar do ser humano. Apostando nisto, as agritechs somam 300 companhias no país, que investem em torno de R$ 100 milhões por ano. O aporte mundial em startups do agronegócio bateu a marca de US$ 9 bilhões em 2017, 50% acima do valor aplicado em 2016.
Em 15 anos, o PIB do agronegócio brasileiro poderá saltar 130%, se o acesso à banda larga e às tecnologias disruptivas chegarem às fazendas. O caminho para crescer é dobrar o tamanho do agro — responsável por um terço do PIB. Além disso, é importante manter o foco em gestão, em menos burocracia, na revisão da estrutura tributária e na política agroindustrial avançada.
E o que está sendo feito para inserir a agricultura brasileira na nova onda de desenvolvimento e para mantê-la no cenário mundial da produção de alimentos? Considerando o histórico de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P, D & I) no país, muito pouco. Hoje, o aporte no Brasil gira em torno de 1,5% do PIB.
comparar a proporção de investimento do PIB em P & D no Brasil com as nações da OCDE e de países da América Latina e do Brics, percebe-se que o Brasil está muito distante de China e Coreia do Sul. A China tornou-se, em 2011, o segundo maior investidor mundial em P & D.
Há duas opções: entrarmos na onda ou nos estabelecemos na posição de retardatários e importadores de tecnologias, transferindo as oportunidades, renda e empregos de qualidade.
A grande diferença é a iniciativa privada. As empresas brasileiras aplicaram 0,55% do PIB, percentual que está longe dos 2,68% investidos pelo setor privado na Coreia do Sul e dos 1,22% na China, por exemplo. Entretanto, quando se comparam os investimentos públicos, os gastos do Brasil estão na média das nações mais desenvolvidas: 0,61% do PIB brasileiro está próximo do percentual investido pelo conjunto dos países da OCDE, que é 0,69%.
Portanto, há duas opções: entrarmos na onda ou nos estabelecemos na posição de retardatários e importadores de tecnologias, transferindo as oportunidades, renda e empregos de qualidade. O Brasil domina a competitividade em commodities e está entrando firme na diferenciação por qualidade. A pesquisa de novos produtos, entretanto, é um desafio a vencer. Combinar volume e diferenciação é o grande desafio para o agronegócio no Brasil.
Vamos encarar?
Atenção: acesse o site e o aplicativo GaúchaZH usando o seu e-mail cadastrado ou via Facebook. O nome de usuário não está mais disponível. Acesse gauchazh.com/acesso e saiba mais.