Em um Estado com cerca de 80% dos municípios dependentes da agropecuária, os investimentos públicos no setor ainda estão muito aquém da relevância da atividade. Levantamento da Emater mostra que, em 2017, o percentual médio do orçamento das prefeituras gaúchas destinado à produção agrícola foi de 1,42%.
– Têm municípios que o valor adicionado da agropecuária é de 90% e o investimento municipal é quase zero. Existe uma visão equivocada, de alguns prefeitos, de que a agricultura anda por conta própria – disse Lino Moura, diretor técnico da Emater.
A declaração foi feita durante a abertura da 3ª Conferência Internacional Agricultura e Alimentação em uma Sociedade Urbanizada (3ª AgUrb), ontem, em Porto Alegre. Promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o evento reúne mais de 900 pessoas de 36 países para discutir a agricultura e a alimentação em uma sociedade urbanizada.
– O mundo se urbanizou e se globalizou. E, mais do que nunca, precisamos debater as mudanças na forma de produzir alimentos, fibras e matérias-primas de maneira sustentável – disse Sérgio Schneider, coordenador-geral da conferência, que vai até sexta-feira com a participação de mais de cem painelistas.
Diretor técnico na área da agricultura da Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs), Mário Nascimento reconhece as dificuldades enfrentadas pelas prefeituras – com contas cada vez mais apertadas:
– Em cenário de crise econômica e escassez de verbas, os municípios acabam priorizando saúde, educação e assistência social.
Nascimento pondera que existem recursos, não contabilizados nos orçamentos municipais da agricultura, que acabam indiretamente beneficiando o setor – como obras de recuperação de estradas no interior e concessão de máquinas e equipamentos.
Independentemente da origem dos recursos, público ou privada, o consenso é de que é preciso fomentar e disseminar políticas voltadas às boas práticas de produção de alimentos – o único caminho para o futuro da agricultura.