Mesmo com o crescimento do mercado na última década, o percentual de vacas em idade de reprodução inseminadas no Brasil é de apenas 12% – de um total de 90 milhões de matrizes. No começo dos anos 2000, o percentual era de 5%.
– A falta de informação é o fator limitante. A pecuária é ainda muito conservadora, com criadores tradicionais, muitas vezes resistentes à mudança – avalia Sergio Saud, presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia).
Outro desafio para fazer a técnica avançar é a ausência de infraestrutura nas fazendas, como currais e piquetes adaptados para o processo.
– É ainda uma técnica de elite, mesmo sendo muito mais barata do que o uso de touro em monta natural – diz Jorge Duarte, gerente distrital da Alta Genetics, multinacional líder no mercado brasileiro, com cerca de 30% de participação.
A expectativa é de que o uso do método continue crescendo, com a ajuda da popularização da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) – usada em 85% dos animais cruzados industrialmente. Na inseminação artificial em tempo fixo, fármacos controlam e sincronizam o ciclo e a ovulação das vacas, em horários pré-determinados e com boas taxas de concepção.
– A IATF trouxe eficiência, tornando vantajosa a inseminação em relação à monta natural – analisa Pietro Baruselli, professor da USP.
Enquanto angus lidera, hereford busca espaço
O cruzamento industrial entre zebuínos e britânicos no centro-oeste e norte do Brasil é dominado pela raça angus e suas sintéticas, que respondem por mais da metade das doses de gado de corte comercializadas no país. A predominância é explicada pela disseminação do programa de seleção genética e pelo número maior de frigoríficos certificados a abater animais fora do RS.
– Não falta qualidade para os touros hereford e braford. A capacidade de adaptação, precocidade e fertilidade é a mesma. A questão é mercadológica, pelo investimento da raça angus em marketing e certificações de indústrias – compara Valter José Pötter, diretor da Estância Guatambu, de Dom Pedrito.
A estância na região da Campanha tem 10 touros hereford e braford em seis centrais de inseminação. A expectativa de Pötter é de que a raça ganhe espaço nas regiões tropicais do país nos próximos anos. Se depender do desejo do criador paranaense Ednei Souza de Mello, a disseminação será rápida. Criador de hereford e braford em Palmas (PR), o produtor investirá no cruzamento de vacas nelore com touros hereford em uma fazenda localizada em Água Boa (MT). O projeto prevê a inseminação de 1,2 mil fêmeas no primeiro semestre de 2019. O sêmen usado será do touro Recoluta Balazo, campeão do Pampa Plus 2017, programa de melhoramento genético da raça.
– Quero oferecer um produto diferenciado no Centro-Oeste, com agregação de valor – conta Mello.