Os agricultores contrataram R$ 25 bilhões em crédito nos dois primeiros meses no Plano Safra 2017/2018, 29% acima do registrado no mesmo período da safra anterior. Até agora, 57,5% do total concedido em custeio até agora foi destinado à cultura da soja e apenas 6,8% para o milho. Isso reflete o maior interesse no cultivo da oleaginosa na próxima safra de verão, que deve ganhar um milhão de hectares do milho 1ª safra. A área total de cultivo de grãos no Brasil em 2017/2018 está prevista em 60,9 milhões de hectares, levemente abaixo da anterior. Em termos absolutos, o maior recuo de área deverá ocorrer no milho 1ª safra, com queda de 19,1% (1,048 milhão de hectares a menos), em decorrência da queda acentuada do preço ao longo de 2017. Esse espaço deverá migrar integralmente para a soja. A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, no curto e no médio prazo, com a projeção de forte queda da área na 1ª safra 2017/2018, clima atualmente desfavorável ao plantio, ritmo mais aquecido das exportações e vendedores retraídos.
Com projeção de recuo de 19,1% na área de cultivo da 1ª safra (verão) e com exportações recordes estimadas em 32 milhões de toneladas, a expectativa é de queda da oferta do grão no 1º semestre de 2018, o que deve manter os preços sustentados até o final deste ano e nos primeiros meses de 2018. Mas o produtor, via de regra, olha para trás para decidir o plantio do próximo ciclo. Em São Paulo, o preço do milho já subiu 20,7% desde o final de julho e segue em alta. No primeiro semestre, o país exportou pouquíssimo milho.
Em agosto, foram embarcadas 5,2 milhões de toneladas e, para setembro, os embarques devem chegar a 6,5 milhões de toneladas, um recorde mensal. Para a soja, a partir de agora, encerra-se o período de “mercado climático” nos Estados Unidos e inicia-se na América do Sul, com projeções de área recorde na região, mas sob a ameaça de atraso das chuvas para plantio da nova safra 2017/2018, o que pode propiciar períodos pontuais de altas nos preços futuros. As cotações futuras estão mais estáveis na Bolsa de Chicago, já precificada a safra recorde nos Estados Unidos, além da demanda global muito firme. A safra e as exportações brasileiras de soja são recordes neste ano, de 115 milhões de toneladas e 66 milhões de toneladas, respectivamente. No acumulado de janeiro a agosto, o Brasil exportou 56,9 milhões de toneladas de soja em grãos, volume já recorde quando comparado aos anos anteriores (de janeiro a dezembro). Com isso, a área de cultivo no Brasil deverá crescer 2,8% na safra, para o recorde de 34,9 milhões de hectares.
Com demanda global robusta e importações chinesas recordes, os preços da soja devem seguir sustentados em 2018, permitindo lucratividade positiva pelo sétimo ano consecutivo, embora abaixo dos patamares expressivamente elevados vistos entre 2012/2013 e 2016/2017.
Carlos Cogo é consultor em agronegócio, especializado em análises, tendências e estatísticas dos mercados agrícolas
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