A disparada do dólar tem sabor agridoce para os arrozeiros do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo em que pesa no bolso por encarecer a compra de insumos, como fertilizantes e fungicidas, abre novas oportunidades de negócios para o produto gaúcho no mercado internacional. México e Nigéria estão na mira.<?xml:namespace prefix = "o" ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
As exportações de arroz no ano comercial, iniciado em março de 2015, já chegam a 1,4 milhão de toneladas, faltando pouco menos de um mês para o encerramento do período. Será o segundo melhor desempenho em embarques para o Exterior da história do setor no Estado. No ciclo passado, a marca atingida foi de 1,07 milhão de toneladas.
Uma negociação com o país africano permitirá que o Estado volte a exportar para a região após a suspensão de tarifas para importação do arroz brasileiro. A Nigéria, um dos principais clientes do arroz gaúcho anos atrás, inviabilizou o comércio a partir de 2012 devido à barreira protecionista imposta pelo governo local.
A instabilidade no continente africano obrigou os arrozeiros do Estado a investirem na venda para os vizinhos latinos, como Venezuela e Cuba, que nos últimos três anos assumiram a dianteira na lista de parceiros comerciais.
O plano agora é apostar também no México e aumentar os embarques em pelo menos 10% neste ano, afirma o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles. A negociação entre os dois países está em estágio avançado: o Brasil exportará arroz em casca e semente e, em contrapartida, os mexicanos venderão feijão preto, uma demanda antiga do país norte-americano.
O maior risco para o fechamento do negócio é a assinatura do acordo transpacífico, que estabelece uma zona comercial entre os países banhados pelo oceano Pacífico e abriria as portas do México para o arroz produzido na Ásia.
Pré-custeio prometido para a próxima safra
- O Brasil fez todo um esforço recente para abrir mercados e, de repente, esses países ganham vantagens para trocar entre si. Afeta a venda de arroz, frango e outras mercadorias - ressalta o professor de comércio internacional da ESPM, José Luiz Pimenta.
Período para arrumar a casa
Os arrozeiros pretendem aproveitar o dólar elevado para conquistar potenciais clientes até agora pouco explorados e também aproveitar a oportunidade para resolver deficiências domésticas.
- O câmbio elevado funciona como uma espécie de droga. Em um primeiro momento causa euforia nos exportadores e mascara uma série de deficiências que temos em questões de logística e infraestrutura. Nossa missão é resolver esses gargalos antes que o dólar volte a cair - ressalta Dornelles.
Com o cenário econômico conturbado, especialistas evitam fazer projeções sobre o comportamento do câmbio nos próximos meses, mas a expectativa geral é de que continue próximo ou até em patamares mais elevados.
- A visão conceitual a respeito do Brasil no Exterior é bastante negativa, afasta investidores e ninguém vê superação no curto prazo -afirma Sidnei Moura Nehme, especialista em câmbio. O economista projeta que a moeda americana chegue a R$ 5, com forte alta já no segundo trimestre.