A redução do rebanho e dos abates neste ano está longe de tirar o entusiasmo dos criadores de ovinos. No início da temporada de remates e feiras de verão, o preço médio do quilo vivo do cordeiro no Estado, conforme levantamento da Emater, chegou semana passada a R$ 5,21, valor 11% superior ao do mesmo período do ano passado. Em praças como Jaguarão, alcançou R$ 6.
Para os produtores, a principal razão apontada para a valorização no campo é o aumento do consumo da carne.
- Carne de cordeiro é um nicho, que passou a ter muito valor agregado no varejo. O mercado paga por qualidade - diz Sérgio de Menezes Muñoz, presidente da Federação Brasileira dos Criadores de Ovinos Carne (Febrocarne), que lamenta apenas a falta de melhor organização na cadeia e entre os produtores para haver maior poder de barganha com indústria e varejo.
Para Alexandre Cassol, proprietário da cabanha da Nogueira Imperial, de Cachoeira do Sul, a atividade vive um período positivo sem precedentes.
- Nos últimos três anos, só melhora. O consumidor costumava comer cordeiro em algumas ocasiões, mas agora entrou no cardápio e não há produção suficiente - avalia Cassol, criador da raça hampshire down, que nota ainda grande procura por reprodutores e matrizes.
O presidente da Associação Brasileira de Texel (Brastexel), Nedy de Vargas Marques, também entende que a falta de organização da cadeia e o número escasso de frigoríficos que abatem ovinos são fatores que atrapalham o desenvolvimento da atividade.
- O mercado acolhe tudo que produzirmos. É um negócio lucrativo, que se adapta principalmente na pequena propriedade. Mas faltam abatedouros. Isso faz até com que o preço (para o consumidor) fique mais alto - avalia Marques.
Dados da Secretaria da Agricultura mostram que, neste ano, o rebanho gaúcho de ovinos voltou a cair, após subir por três anos consecutivos. São agora 3,579 milhões de cabeças, 5% abaixo de 2014. Até setembro de 2015, os abates somaram 156 mil cabeças, queda de 15,5% sobre o mesmo período de 2014. Para os produtores, a situação pode ser explicada pela busca de animais por frigoríficos de outros Estados, aumento do abate clandestino e abigeato.
Cotada em dólar, a lã é mais um motivo de satisfação para os ovinocultores gaúchos em 2015. A escalada da moeda americana levou em média a uma alta de 30% em relação aos preços pagos ano passado, estima Carlos Cleber Dias Leal, presidente da Cooperativa Tejupá, de São Gabriel.
A valorização, no entanto, ocorreu mais nos produtos de qualidade média, o que varia de acordo com a aptidão de cada raça. Na corriedale, por exemplo, o quilo chega agora a R$ 12, enquanto há um ano estava entre R$ 7 e R$ 8, ilustra Leal. No caso da lã de merino australiano, considerada a mais fina, os preços subiram de R$ 15 para R$ 17, compara.
- O mundo está em crise, e as lãs médias são mais baratas e, por isso, têm uma comercialização mais fácil. Nas lãs finas, a grande produção vem da Austrália, que está ao lado da China (maior consumidor mundial) - explica Leal.
Confira o calendário oficial de feiras de verão de ovinos
Dezembro 2015
9º Feovinos, Unistalda, até 12 de dezembro
4ª Feira de Ovinos de Verão, Caçapava do Sul, 10 de dezembro
37ª Feira de Ovinos de Verão, São Gabriel, 11 e 12 de dezembro
11ª Feira de Ovinos, Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas, Santiago, 12 a 19 de dezembro
13ª Feira do Cordeiro Missioneiro, São Borja, 14 a 19 de dezembro
Janeiro 2016
38ª Feira de Ovinos de Verão, Santana do Livramento, 7 de janeiro a 4 de fevereiro
8ª Agrovinos, Bagé, 12 a 17 de janeiro
38ª Expofeira de Ovinos de Meia Lã, Santa Vitória do Palmar, 18 a 24 de janeiro
37ª Feira de Ovinos, Dom Pedrito, 22 e 23 de janeiro
32ª Feovelha - Feira e Festa Estadual da Ovelha, Pinheiro Machado, 27 a 31 de janeiro
Fevereiro 2016
36ª Feira de Ovinos de Verão, Alegrete, 4 e 5 de fevereiro
38ª Expofeira de Ovinos de Verão, Herval, 17 a 21 de fevereiro
43ª Exposição de Ovinos Meia Lã, Jaguarão, 27 e 28 de fevereiro
Fonte: Secretaria da Agricultura