Com menos recursos para leilões e aquisições públicas de produtos agrícolas no próximo ano, devido ao corte de R$ 1,1 bilhão no orçamento federal, os agricultores não poderão contar com a ajuda do governo para sustentação de preços em períodos de crise. A redução de 65% nos subsídios destinado ao Programa de Garantia do Preço Mínimo (PGPM), ficando com apenas R$ 600 milhões, aumentará a sensação de insegurança do produtor - especialmente em relação às culturas impactadas pelas oscilações do mercado interno.
Produtos como arroz, feijão, trigo e milho estão entre os que mais demandam intervenção para regulação do mercado. Por ora, enquanto os preços estão valorizados, até mesmo acima dos valores mínimos estabelecidos pelo governo, o corte não será sentido.
- Agora as cotações estão em alta. Mas não sabemos o que irá acontecer no próximo ano. Essa medida traz uma ameaça ao produtor - confirma Flávio Roberto de França Junior, consultor de agronegócio.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Normalmente, a intervenção do governo se dá quando os preços de grãos, frutas e outros produtos caem significativamente, geralmente quando há excesso de oferta. Dessa forma, garante-se valores suficientes para ao menos cobrir os custos de produção. Isso na teoria. Na prática, produtores reclamam que os preços mínimos estão bem abaixo do desembolso real nas lavouras.
- Os preços mínimos não têm acompanhado valores de mercado - reclama Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Outro receio é de que o freio nas contas públicas resulte em reajustes dos preços mínimos ainda menores na próxima safra.
- Esse corte siginifica colocar a atividade ainda mais em xeque. Algo que já era pouco, passou a ser quase nada - critica Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
O tema deverá ser levado à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
- A medida vai acabar gerando excedentes internos de produção e redução do preço pago ao produtor - avalia o coordenador institucional da FPA, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).