Com a alta de preço em insumos importantes para a produção, como energia e fertilizantes, a próxima safra de verão poderá reservar uma desagradável realidade ao agricultor. Projeção feita pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), com base em uma propriedade típica de Cruz Alta, mostra que a rentabilidade nas lavouras de soja irá ficar menor na comparação com o ciclo passado.
Em lavouras irrigadas, a lucratividade deve encolher 45,2%. Nas áreas que não utilizam o sistema - de sequeiro - a redução prevista é de 30,8% .
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A razão para a diferença maior nas plantações irrigadas é o peso da energia elétrica.
- A irrigação garante um padrão de produtividade. E isso é muito bom. Por outro lado, quando aumenta o custo de produção, não se consegue mascarar isso com os elevados rendimentos obtidos. A irrigação não faz mágica. Não diminui o preço dos fertilizantes, do diesel, do frete - pondera o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
O custo operacional da soja irrigada no próximo ciclo, hoje, seria 21,3% maior, enquanto o do grão cultivado em área de sequeiro, 12,9%. Ainda assim, a renda do agricultor que usa o sistema será maior do que aquele que produz em áreas de sequeiro.
Diante dessa realidade de custos em alta, mais do que nunca há necessidade de o produtor rural utilizar a irrigação da forma mais eficiente possível.
- Quanto mais eu tenho um sistema mal dimensionado, maior é o consumo - alerta a professora Mirta Petry, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Saber quando e quanta água a planta precisa para se desenvolver bem é imprescindível para garantir sistemas de irrigação eficientes. Atualmente, apenas 20% da área cultivada no planeta é irrigada. Mas esse percentual contribui com mais de 40% da produção.
- Estamos olhando a fotografia agora. Mas há uma expectativa por melhora de preços - pondera o economista da Farsul, sobre o raio X de custos e lucratividade apresentado nesta quinta-feira durante o 3ª Encontro de Irrigantes por Aspersão do Rio Grande do Sul, em Cruz Alta.