A suspensão das atividades do frigorífico da Marfrig em Alegrete trouxe novamente à tona a discussão sobre o que ainda está faltando para a pecuária de corte gaúcha deslanchar.
E antecipou a divulgação de um projeto, em construção, para o desenvolvimento da atividade no Estado.
A estimativa é de que o programa de desenvolvimento da pecuária de corte seja formatado até o próximo mês, para ser lançado em março.
Neste momento, o que se tem são alguns parâmetros, definidos em reunião com integrantes da indústria, de entidades e de sindicatos rurais, realizada ontem na Secretaria da Agricultura.
Um dos pilares prevê pedido para incluir, no Plano Safra do governo federal, crédito.
Outro, deverá abordar a questão da sanidade, inclusive a polêmica rastreabilidade, que o atual secretário, Ernani Polo, prefere chamar de identificação de origem.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
No governo anterior, projeto liderado pelo então titular da pasta Luiz Fernando Mainardi previa a obrigatoriedade da identificação. O modelo compulsório enfrentou resistência de entidades como a Federação da Agricultura do Estado e acabou sendo retirado. Aliás, a rastreabilidade formava um dos pilares do Programa Carne Gaúcha, lançado em 2011. A meta era de que, em quatro anos, os mais de 14 milhões de bovinos do Estado tivessem adotado o sistema, conforme divulgação à época.
- A gente ainda não tem o modelo do de identificação de origem - diz Polo com relação à proposta a ser construída agora.
Um grupo de trabalho foi criado para elaborar o formato do novo programa de desenvolvimento.
Qualidade - e boa fama - a carne produzida no Rio Grande do Sul tem.
A pecuária de corte também vive um momento singular, com o registro de preços históricos. Uma combinação de demanda em alta, embalada pelo crescimento das exportações de carne bovina brasileira, e oferta ajustada tem valorizado a cotação do boi gordo.
O que o pecuarista gaúcho quer é poder aproveitar com tranquilidade essa boa onda do setor, com a chance de ampliar a rentabilidade. Nada mais justo, já que a atividade, de ciclo longo, exige investimento e dedicação. Qualquer que seja a iniciativa, precisa vingar para ter o efeito desejado.