Pedidos de entidades do setor para que o país mantenha suas portas fechadas para doenças que causam prejuízo à produção de suínos em outras partes do mundo são, mais do que precaução, estratégia de mercado.
Se continuar a fazer o dever de casa, mantendo o rebanho blindado contra problemas registrados em locais como Estados Unidos e Europa, o Brasil pode encontrar novas oportunidades de negócio.
Em passado recente, os russos impuseram embargos a Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná. Neste ano, aumentaram o percentual de participação nas exportações brasileiras. Nos últimos três meses, a participação da Rússia passou de 29% para 37,7%.
- Não sei se é reflexo da epidemia (diarreia suína), mas mostra que alguém deixou de vender. As pedras do mercado internacional irão se mexer - avalia Rui Saldanha Vargas, vice-presidente da divisão de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Para José Roberto Goulart, diretor comercial da Alibem, empresa com duas unidades no Rio Grande do Sul autorizadas a exportar carne suína para os russos, há outro fator que explica o aumento do apetite pelo nosso produto. Focos de peste suína na Polônia e na Lituânia interromperam o fluxo da Europa, maior fornecedor da Rússia.
- Com nosso status sanitário, somos uma espécie de ilha - compara Goulart.
No mercado, os efeitos da epidemia de diarreia suína em outros países devem aparecer com força a partir de agosto, quando deve se configurar um cenário de grande demanda associada à redução de oferta.
As conquistas brasileiras poderão se dar em países como o Japão - mercado para o qual Santa Catarina é o único fornecedor brasileiro - e na América Central.