Eles têm custo pelo menos 20% maior, mas hoje já representam um filão que abocanha 10% no mercado de ovos, e com tendência de avanço. Opções caipira, orgânico, enriquecido com ômega 3 ou com redução nos níveis de colesterol não são exatamente novidade nas prateleiras. Nos últimos anos, o consumidor de grandes centros urbanos viu aumentar a quantidade de empresas que oferecem esses produtos diferenciados.
Esse nicho é reflexo da demanda por novidades que encontra suporte na recorrente justificativa do aumento do poder aquisitivo da classe média e também de tendências internacionais.
E se o consumidor pede novas opções, o cenário muda primeiro na base. Noventa por cento da produção gaúcha está nas mãos de 35 granjas, a maioria na Serra e no Vale do Taquari, e aquelas que escolheram investir no segmento gastam 30% a mais com os produtos diferenciados. A recompensa para o trabalho e os investimentos vem no lucro, que cresce na mesma proporção, segundo o diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.
Na granja, para fazer com que o ovo tenha a característica desejada, o trabalho passa por mudança na estrutura física e no método de criação dos animais e na alimentação. Entregar ao consumidor o prometido índice mais elevado de ômega 3 exige que produtos como farinha de peixe ou linhaça, por exemplo, sejam acrescentados à ração. Para obter ovo caipira, as galinhas são criadas soltas, em sistemas extensivos, sem gaiolas.
- E isso tudo tem de estar em sintonia com as normas do Ministério da Agricultura - completa Santos.
O aumento na oferta diferenciada veio acompanhado por campanhas de incentivo ao consumo. No ano passado, a Asgav lançou o projeto Ovos RS, que, além de ampliar o conhecimento do público sobre os benefícios nutricionais do alimento, visa ajudar a adequação das granjas a normas que aumentaram as exigências sanitárias para produção. Das 35 granjas associadas à Asgav, 12 aderiram ao projeto no primeiro ano, o que lhes permite receber o selo Ovo RS, marca trabalhada em anúncios e embalagens.
Ainda faltam estudos para garantir que produto traz benefícios à saúde
e ovos enriquecidos têm conquistado mercado e aceitação, benefícios à saúde ainda não são unanimidade.
- Eles entregam o que prometem (em termos de quantidade). Mas a pergunta para isso é: faz diferença para a saúde? Não sabemos. Não existem estudos clínicos com esses produtos - afirma o nutricionista funcional Gabriel de Carvalho.
Ainda assim, o nutricionista elenca benefícios do consumo de ovos na comparação com a carne e o leite, principais concorrentes no quesito fontes de proteína, como a maior variedade de nutrientes e a melhor absorção pelo organismo (veja quadro).
Aos clientes, a recomendação do nutricionista é comer ao menos um ovo ao dia, exatamente o foco da campanha da Asgav lançada no ano passado. Tudo na tentativa de fazer o consumo subir do atual patamar brasileiro de 161 ovos por pessoa ao ano para pelo menos 240 ovos anuais, quantidade próxima da registrada nos Estados Unidos, mas ainda distante de Japão e México, que chegam à marca de 360 ovos per capita ao ano.
- Como é muito recente, não temos pesquisas, mas detectamos que o consumidor está mais atento,procurando pelo diferencial de qualidade - afirma José Eduardo Santos, da Asgav.
Por que comer ovos faz bem
> Fonte de proteína em relação à carne e leite
> Boa digestibilidade e absorção dos nutrientes
> Fonte de colina, vitamina do complexo B essencial para funcionamento do cérebro e dos nervos
> Têm alta concentração de carotenos, importante para prevenir doenças na retina
Fonte: Gabriel de Carvalho, nutricionista funcional