Com a autorização da China para importação de grandes volumes de milho, o Brasil se credencia como um dos fornecedores estratégicos do grão ao país asiático - que aumentou em quase 40 vezes a demanda pelo produto nos últimos quatro anos. A formalização do acordo, ratificado em comunicado no site do governo chinês nesta terça-feira, é um estímulo aos produtores rurais a investirem na cultura - com perspectivas de valorização maior da commodity.
- As questões técnica e sanitária foram concluídas ainda em novembro do ano passado. Agora, com o comunicado do governo chinês, o setor privado tem sinal verde para ganhar mercado na China - aponta Lino Colsera, diretor do Departamento de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias do Ministério da Agricultura.
O principal parceiro da China hoje é os Estados Unidos, que no ano passado forneceu 90% do grão comprado pelo gigante asiático. O acordo é o segundo contrato firmado pelos chineses com um país latino-americano. Em 2013, a Argentina, terceiro maior exportador global, fez sua primeira venda de peso para a nação asiática.
- A demanda da China por milho está aumentando, e isso tende a puxar os preços para cima, assim como ocorreu com a soja - destaca o analista de mercado Faria Toigo.
Segundo maior exportador mundial, o Brasil deverá colher 75,1 milhões de toneladas na safra 2013/2014 - da qual cerca de 20 milhões deverão ser exportados para países como o Japão. Mesmo não sendo autossuficiente na produção de milho, o Rio Grande do Sul também deverá ser beneficiado com o acordo de importação firmado com a China.
- Isso motiva o agricultor a aumentar a área plantada. O importante é termos alternativa para fazer a mercadoria girar - afirma Claudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado (Apromilho-RS).
Da safra gaúcha estimada em quase 5 milhões de toneladas, em torno de 700 mil deverão ser embarcadas neste ano. Enquanto os produtores comemoram, a indústria de aves e suínos prevê dificuldades para abastecer o mercado interno gaúcho - que tem hoje déficit aproximado de 2 milhões de toneladas.
- Exportaremos mais milho para incentivar nossos concorrentes na produção de proteína animal - critica Nestor Freiberger, presidente das Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).