Usado em 98% das lavouras gaúchas com plantio direto, o herbicida glifosato (para o controle de plantas invasoras) é um dos alvos da ação do Ministério Público Federal (MPF), que tenta tirar do mercado brasileiro nove agrotóxicos. O pedido de suspensão dos registros, encaminhado à Justiça nesta semana, causou reação imediata de representantes do agronegócio.
- Seria impraticável uma suspensão desta ordem, salvo que tivessem descoberto uma novidade que ainda não é de conhecimento no mundo - disse Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura no Estado (Farsul).
A entidade, com apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), pretende expor ao MPF que não há estudos comprovando danos ao ambiente ou à saúde com uso da dosagem recomendada - conforme alegado na ação que tramita na Justiça. O glifosato é considerado um dos principais insumos para o plantio direto, pois elimina as ervas daninhas da lavoura.
- Antes mesmo da chegada das sementes transgênicas, o glifosato já era utilizado pelos agricultores. Sem o produto, o modelo agrícola de hoje terá de ser totalmente readequado - alerta Alencar Rugeri, engenheiro agrônomo da Emater.
O MPF contesta também o registro do herbicida 2,4-D - uma alternativa ao glifosato, que já apresenta resistência das plantas. Os produtos colocados em xeque foram definidos por intensidade de uso e riscos toxicológicos, explica Aldo Merotto, professor de herbologia da Faculdade de Agronomia da UFRGS:
- Agroquímicos precisam ser constantemente avaliados. No caso do glifosato, estudos ainda o identificam como um produto seguro, desde que usado em dosagens corretas.
Ações como essas, aponta Merotto, evidenciam que o país necessita de uma regulamentação específica para os agrotóxicos e técnicas precisas no uso de produtos químicos no campo.