Os próximos dias deverão ser de chuva intensa e rajadas de vento de até 80 km/h no Rio Grande do Sul. O cenário é resultado da formação de um ciclone extratropical entre o Uruguai e parte da Região da Campanha, que irá favorecer a instabilidade e a intensificação do vento enquanto avança em direção ao Oceano Pacífico entre quinta (24) e sexta-feira (25).
Vitor Takao, meteorologista da Climatempo, explica que áreas da Fronteira Oeste, Campanha, Missões e Região Noroeste devem sentir os primeiros efeitos já a partir desta quarta-feira (23), com um "aprofundamento de pressão atmosférica" que antecede a formação do ciclone e favorece a formação de nuvens de chuva e instabilidade. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta "perigo potencial" de tempestade, com chuva de até 30 milímetros por hora e rajadas de vento de até 60km/h nestas regiões entre 7h e 18h.
— Municípios que estão nessas áreas (Fronteira Oeste, Campanha, Missões e Região Noroeste) têm risco para maiores volumes de chuva. Em termos de vento, as rajadas podem chegar facilmente a 80 km/h — projeta o meteorologista.
Ainda na quarta-feira, uma faixa do Litoral Norte e da Serra também pode ser afetada pela condição "pré-ciclone". Um segundo aviso do Inmet, válido para durante todo o dia, indica possibilidade de chuva intensa, com volume de até 50 milímetros ao longo do dia em municípios como Torres e Bom Jesus, por exemplo.
A instabilidade também avança sobre as demais regiões do Estado, especialmente entre quinta e sexta-feira. A temperatura será mais amena no período, com diminuição gradativa até o fim de semana.
Ciclone não vai passar sobre o RS
Todos estes cenários meteorológicos são efeitos do vento que sopra do ciclone enquanto ele avança em direção ao mar. Takao salienta que o fenômeno não vai passar efetivamente sobre o Rio Grande do Sul e os demais Estados brasileiros. O vento associado ao ciclone é que irá influenciar.
— Ele vai se formar nessa região entre áreas de divisa do Uruguai com o Rio Grande do Sul, como Campanha e Fronteira Oeste, e já vai se deslocar ao oceano.
Conforme a Climatempo, simulações atmosféricas que seguem modelos utilizados na Europa e nos Estados Unidos indicam que o ciclone será "forte" e por isso deve impactar o RS mesmo "de longe". A tendência aponta que os efeitos prossigam apenas até a noite de sexta-feira, quando o fenômeno se afasta efetivamente do continente.
O que é um ciclone e como ele se forma?
Os ciclones extratropicais se formam a partir do contraste entre a temperatura de massas de ar, como neste caso o encontro do vento frio que sopra do Uruguai com o quente atuando sobre o RS. Essa interação resulta em um sistema de baixa pressão.
O ar é mais frio no centro do sistema, enquanto nas regiões ao seu redor o vento é quente. A diferença entre a pressão das massas intensifica o movimento do ar de baixo para cima, em sentido horário, algo que favorece a formação de nuvens cumulonimbus – com potencial para grandes tempestades.
*Produção: Lucas de Oliveira