O céu azul na Região Metropolitana de Porto Alegre já se tornou uma lembrança distante para os moradores. No período de um mês, entre 13 de agosto e esta sexta-feira (13), cidades como Porto Alegre e Canoas tiveram apenas dois dias de tempo aberto, no dia 14 de agosto e em 6 de setembro. A causa é a fumaça resultante de incêndios no norte do continente.
A comparação (veja acima) mostra a diferença entre o céu limpo e o que ficou coberto por neblina cinzenta. Essa pluma, composta por nuvens de fumaça com vestígios das queimadas ocorrendo em outros Estados e países vizinhos, como a Bolívia, circula na atmosfera do Rio Grande do Sul, escurecendo o céu.
A breve melhora no início de setembro foi consequência de uma frente fria que trouxe chuva para a região, ajudando a dispersar a fumaça. No entanto, o alívio foi temporário.
Quando a massa de ar frio se afastou, a fumaça voltou a deixar o céu cinza, transportada pelos "rios voadores", que são volumes de vapor. Eles carregam umidade do norte para o sul do país, o que trouxe novamente as partículas de fuligem. O fenômeno também pode alterar a cor do Sol e da Lua, devido a interação da poluição com a luz solar.
Qualidade do ar foi afetada
Além de deixar o céu encoberto, a fumaça provoca outros problemas, como a queda na qualidade do ar. Nesta sexta-feira, a Região Metropolitana de Porto Alegre esteve entre os locais com o ar mais poluído do mundo em uma medição a partir do Índice de Qualidade do Ar (AQI, na sigla em inglês), uma empresa suíça que faz o monitoramento.
Os dados registrados indicaram AQI de 169 em Guaíba, 170 em Triunfo, 174 em Canoas e Gravataí e 175 em Esteio. O índice varia de 0 a 500, sendo que números mais altos indicam uma pior qualidade do ar.
Chuva preta
Outro fenômeno associado à fumaça é a chamada "chuva preta". Ela ocorre quando as partículas de fuligem, provenientes dos incêndios, se misturam à condensação do vapor d'água. Quando a precipitação se forma, as gotículas de chuva carregam essas partículas, resultando em uma chuva escura.
Cidades como Santa Maria, na Região Central, e São Luiz Gonzaga, nas Missões, registraram esse tipo de precipitação na quinta-feira (12).
Até quando a fumaça permanece no RS?
O clima seco favorece a propagação dos incêndios e facilita o avanço da fumaça para outras regiões. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Brasil registrou 4.730 focos de incêndio apenas nos primeiros dias de setembro.
Para o domingo (15), segundo a Climatempo, a previsão é de chegada de nuvens carregadas à Região Metropolitana, ao Norte, Vales e à Serra, o que pode abrir o céu ligeiramente e reduzir a presença da fumaça. No entanto, o alívio será temporário, pois a circulação de ar deve trazer novamente a fumaça para o território gaúcho na próxima semana.