O fenômeno El Niño segue atuante, mas a chuva deve dar um pequeno alívio aos gaúchos no mês de janeiro. A expectativa é de que, embora a instabilidade permaneça ao longo das próximas semanas, se manifeste em volumes mais modestos em relação ao testemunhado nos últimos meses e em um patamar mais próximo da média histórica para o período.
As regiões Metropolitana, Norte e Leste podem até terminar janeiro um pouco abaixo da média climatológica, segundo a porta-voz da Climatempo Maria Clara Sassaki. As previsões indicam tempo um pouco mais seco principalmente na primeira quinzena.
— A chuva tende a ser mais significativa a partir da metade de janeiro, com mais volume, pegando principalmente a Campanha, a fronteira com a Argentina e o Uruguai. Nessas áreas, pode até superar um pouco a média climatológica. Mas, nas outras áreas deve ficar muito próximo da média ou até um pouco abaixo — complementa Maria Clara.
Ela explica que, embora o El Niño deva se manter ativo até o mês de abril, há fatores sazonais mais localizados que prometem aliviar um pouco a quantidade de água sobre o Rio Grande do Sul. Um corredor de vento chamado de Zona de Convergência do Atlântico Sul, típico para esse período do ano, vai concentrar a umidade amazônica mais para o Sudeste e o Centro-Oeste.
Isso não significa que o tempo ficará firme ou que os gaúchos estarão livres de pancadas eventualmente mais fortes e capazes de provocar alagamentos.
— A zona de convergência é um fator sazonal que deve vencer o El Niño em janeiro, mas não quer dizer que o Estado vá ficar inteiramente livre de situações de perigo. Pode haver um ou outro dia mais chuvoso, com alagamentos — avisa Maria Clara.
O Prognóstico Climático de Verão, divulgado em conjunto pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta um cenário semelhante. O texto do relatório indica "maior probabilidade de chuva acima da média no sul do Rio Grande do Sul. Nas demais áreas, são previstas chuvas irregulares, com totais podendo atingir valores próximos ou ligeiramente abaixo da climatologia".
Em comparação, 2023 foi o ano mais chuvoso em Porto Alegre em pelo menos cinco décadas, por exemplo. De acordo com levantamento do Inmet, o ano passado havia registrado um acumulado de 1.945,4 milímetros na Capital até as 15h de sexta-feira (29), nível mais alto desde 1972, 51 anos atrás.
Em relação à temperatura, a previsão é de valores também próximos da média no Rio Grande do Sul neste mês, embora vá permanecer em patamares superiores ao normal na maior parte do resto do Brasil.
— Ainda assim, os gaúchos também poderão enfrentar algum período de maior calor, como quando há uma frente fria em aproximação. Mas, no geral, ficará dentro do esperado para janeiro — complementa Maria Clara.