Diferentemente de outros anos, este ano dezembro deve ter chuva acima da média no Rio Grande do Sul, fazendo com que não haja períodos prolongados de calor intenso. A manutenção da alta instabilidade se deve ao fenômeno El Niño, que já provocou volumes de água expressivos durante toda a primavera. Contudo, mesmo com a previsão de bastante chuva neste final de ano, as precipitações não devem ser generalizadas como nos últimos meses.
— O El Niño realmente está chegando em seu pico entre dezembro e janeiro, então a chuva deve ser volumosa, mas muito isolada. Pode ser intenso no Noroeste, por exemplo, e no Nordeste não ser tão volumosa — explica Vanessa Gehm, meteorologista da Sala de Situação do Estado.
A especialista aponta que praticamente todo o Rio Grande do Sul terá chuva acima da média, mas há um destaque para as regiões da Campanha, Oeste e Missões, que devem registrar os maiores volumes: entre 200mm e 300mm, podendo ultrapassar pontualmente esses valores. Em Bagé, por exemplo, a média do mês é de 122,3mm, enquanto em São Luiz Gonzaga é de 200mm.
Diante disso, o meteorologista da Climatempo Vinícius Lucyrio comenta que o Estado deve continuar tendo problemas com cheias de rios, principalmente na fronteira com a Argentina:
— A região do Rio Uruguai, que já vem de cotas muito altas, deve receber muita chuva ao longo do mês de dezembro. A expectativa é que a Região Sul tenha um volume de chuva acima da média em todas as áreas também.
Conforme Lucyrio, uma característica deve mudar na chuva das regiões entre o norte do RS, meio-oeste de Santa Catarina e interior do Paraná, passando a ser mais condicionada pelo calor e pela umidade elevada. Além disso, haverá a passagem de três a quatro frentes frias pela região ao longo do mês, com uma atividade maior sobre o centro-sul e o oeste do território gaúcho.
— Essas áreas vão acabar recebendo um pouco mais de ar frio, terão uma persistência maior da nebulosidade. Então, a temperatura acaba subindo um pouco menos. Teremos alguns eventos de calor mais extremo ocorrendo pela região sul do Brasil como um todo, mas o Rio Grande do Sul, no geral, não deve ter eventos prolongados de calor intenso, é uma condição de tempo mais abafado — afirma o meteorologista da Climatempo.
Vanessa acrescenta que, na metade Oeste, a nebulosidade decorrente do tempo chuvoso deve favorecer para que a temperatura fique um pouco abaixo do que se espera para dezembro, mas alta ainda assim. Nas demais regiões, as máximas ficam mais elevadas que o habitual.
— A Fronteira Oeste sempre tem temperatura mais alta em relação a todo o Estado, então com certeza terá períodos com temperatura mais elevada nessas regiões. São Borja e Uruguaiana, por exemplo, devem registrar 37°C nesta sexta-feira (1º). Então, pode ser que tenhamos outros dias com máximas perto dos 40°C — diz a especialista.
Entretanto, na comparação com dezembro de 2022, Vinícius afirma que o risco de onda de calor é bem menor, porque a nebulosidade mais persistente e a chuva volumosa devem segurar a subida da temperatura.