Nos taludes do Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, a presença dos biguás chama atenção. De longe, os bichinhos, com penugem preta e pescoço comprido, parecem uma versão menor dos urubus ou uma graúna mais encorpada. Trata-se, porém, de uma ave mergulhadora, que passa o dia entrando e saindo da água, em busca de alimento.
Os biguás costumam medir entre 60 e 73 centímetros e pesam menos de 1,5kg. Quase sempre vistas em grandes bandos, essas aves costumam viver em rios, lagos, açudes, represas, orlas marítimas, manguezais e lagoas. É facilmente encontrada em diferentes águas do Rio Grande do Sul, desde a Lagoa dos Patos até o próprio Arroio Dilúvio.
— Não existem estudos que relacionem o adoecimento desses animais com a qualidade da água. Os biguás não são muito seletivos. Eles não são exigentes para a alimentação, então conseguem se adaptar mesmo em águas poluídas — afirma Marcelo Pereira de Barros, professor do curso de Ciências Biológicas da Feevale.
Esse animal se alimenta de peixes, crustáceos e outros invertebrados, como serpentes e alguns anfíbios. É com esse propósito que passa boa parte dos dias dentro da água. Os biguás não têm glândula uropigiana, o que os faz encharcar totalmente sua plumagem para aumentar o peso e facilitar os mergulhos. A ave costuma ficar bastante tempo debaixo da água, apenas com o pescoço de fora, caçando.
Quando encontra uma presa interessante, abocanha rapidamente e, em seguida, sai da água. Para secar as asas, que ficam completamente molhadas após o mergulho, é comum vê-lo pousado com as asas abertas ao vento. O formato das asas dos biguás lembram morcegos.
— Essas aves não são, de nenhuma maneira, perigosas. Mas são animais silvestres e não podemos interagir com eles. É importante deixar o animal sozinho, fazendo a coisa dele — pontua.
*Produção: Yasmim Girardi